Uma análise do Livro do Padre Klaus Gamber por Mons. Richard J. Schuler
Liturgia
Padre Klaus Gamber, que faleceu recentemente, escreveu por muitos anos sobre a reforma litúrgica que se seguiu após o Concílio Vaticano II. “A Reforma da iturgia Romana” foi recentemente traduzida do Alemão para o Francês e Inglês e provocou um considerável comentário na imprensa européia.
Um dos pontos considerado por Pe. Gamber é a posição do altar com referência à congregação. Uma das mais evidentes reformas após o concílio é a prática de se ter o sacerdote voltado para a congregação. A maior parte da propaganda sobre a mudança de posição dos padres alega que é apenas um retorno a um costume da igreja antiga. História e arqueologia foram citadas (mas sem fatos verdadeiros) como evidências. Sem muito estudo ou questionamento, padres e paróquias pelo país (Alemanha, nt) aceitaram essas histórias e arrancaram seus altares, colocando mesas de madeira ou blocos de pedra que permitiam ao sacerdote contemplar a congregação. O design dos arquitetos originais, as linhas e o foco da igreja foram deixados de lado e abolidos. Na maioria dos casos o resultado artístico foi ruim e no melhor dos casos o novo arranjo ficou igual a um vestido conjunto reformado.
A destruição da Igreja e do santuário foi infeliz e custosa. Em algumas partes do país, o dano causado às igrejas pelos reformadores de altar foi maior do que os Vândalos causaram à Espanha ou ao Norte da África. Mas o mal maior foi o dano causado à ação e presença litúrgica do sacerdote. Foi dito ao sacerdote para manter o contato visual com as pessoas, para dirigir suas palavras à elas, para se tornar um "presidente" na assembléia, um "facilitador" da participação ativa da congregação. A noção de Missa enquanto sacrifício foi desencorajada, enquanto a idéia de refeição comunitária foi promovida. O altar tornou-se a mesa, bem semelhante aos dias do Arcebispo Cranmer na Inglaterra.
Entre aqueles solicitados para comentar o livro do Pe. Gamber estava o Cardeal Ratzinger, que foi entrevistado no jornal italiano "Il Sabato" (24 de Abril de 1993). Ele explicou que não há dado histórico, nem na história escrita ou na arqueológica, que estabeleça a posição do altar nos primeiros séculos como sendo voltada para as pessoas. Olhar para as pessoas não era uma questão na igreja primitiva, mas voltar-se para o leste onde Cristo iria surgir em Sua segunda vinda, a "parousia", era mais importante. Os prédios das Igrejas e os altares eram "orientais" (voltados para o leste) para que o sacerdote de forma especial pudesse vê-Lo na Sua chegada. Se devido ao contorno do terreno ou algum outro obstáculo a igreja não pudesse ter essa direção, o sacerdote, sempre olhando para o leste, teria que se posicionar atrás do altar e voltado para o povo. Contemplar a congregação era um fato acidental e ele toma a Basílica de São Pedro como um exemplo desse fato, uma vez que a igreja não poderia ter a entrada voltada para o Oeste (posição oposta ao altar) devido a colina do Vaticano.
O cardeal explica que a mudança quase que universal dos altares para contemplar as pessoas não é um decreto do Vaticano II. Não era impossível antes do Concílio oferecer a Missa voltado para as pessoas. Uma tradição de quinze séculos onde o sacerdote era a cabeça da sua congregação foi eliminada em poucos anos. Aquela tradição admitia exceções. Eu mesmo provavelmente detenho um recorde de Missas em latim celebradas voltado para as pessoas, mais do que qualquer outro padre no país antes do concilio. A igreja onde eu tinha um serviço semanal tinha um altar na cripta e eu oferecia a Missa duas vezes a cada domingo, por aproximadamente dez anos, tudo antes de 1963.
O cardeal foi perguntado se a Igreja voltaria para a tradição ancestral, praticada antes do concílio. Ele retrucou dizendo que não haveria uma mudança "neste momento". Ele disse que as pessoas já estão tão confusas com tantas mudanças e tão rapidamente introduzidas. Mas ele não disse que não iria acontecer numa data futura. Certamente, o retorno daria uma grande ajuda em restaurar a reverência na celebração da Missa. Pe. Jungmann, cujo trabalho na história da liturgia (Missarum solemnia) foi em grande parte responsável pela introdução das mudanças, tem uma segunda opinião sobre o valor das mudanças.
O aspecto interessante da discussão levantada pelo livro do Pe. Gamber é que pouco a pouco a propaganda e afirmações falsas invocadas para realizar a reforma litúrgica estão sendo expostas e se encontram sem veracidade ou bases, históricas, arqueológicas ou litúrgicas. Os erros perpetrados por clérigos e leigos igualmente na década de 60 incluem mentiras como a eliminação do latim, a proibição dos coros, a remoção de imagens, tabernáculos e vestimentas, tudo em nome do concílio ou talvez do "espírito do concílio". Graças a Deus a verdade está começando a reaparecer.
Revista Mater Ecclesiae - http://igrejauna.blogspot.com/
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