Chega a mim a notícia "Rabino critica beatificação de Pio XII durante o sínodo dos bispos", na qual o Rabino Shear Yshuv Cohen afirma "Somos contrários à beatificação de Pio XII. Não podemos esquecer seu silêncio sobre o Holocausto".
Lamentavelmente, é mais um que caiu no conto do Papa de Hitler e ajuda a espalhá-lo. Já há literatura como o livro do Rabino David Dalin The Myth of Hitler’s Pope: How Pope Pius XII Rescued Jews From the Nazis (jamais traduzido no Brasil, onde o livro "O Papa de Hitler" de John Cornwell ainda passa por verdade incontesta) que colocam abaixo a tese de um Pio XII indiferente ou até apoiador do nazismo.
Recomendo fortemente o artigo do desertor soviético romeno Ion Mihai Pacepa, Moscow's Assault on the Vatican, (O Ataque de Moscou ao Vaticano), onde o autor denuncia a difamação de Pio XII como uma campanha orquestrada pela KGB a mando de Moscou muito anterior à publicação do livro de John Cornwell. Descobri hoje uma tradução deste artigo na página do Permanência. Eu havia me limitado ontem a traduzir a parte apenas referente à ação positiva do Papa Pio XII no tocante à ajuda aos judeus perseguidos pelo regime nazista, mais para o final do artigo:
Poucos anos depois, o Papa João Paulo II começou o processo de canonização de Pio XII, e testemunhas de todo o mundo provaram vigorosamente que Pio XII era um inimigo, e não um amigo, de Hitler. Israel Zoller, o rabino mestre de Roma entre 1943-44, quando Hitler tomou aquela cidade, dedicou todo um capítulo de suas memórias a louvar a liderança de Pio XII. "O Santo Padre mandou à mão uma carta aos bispos instruindo-os a levantar a clausura dos conventos e mosteiros, de modo que eles pudessem se tornar refúgios para os judeus. Eu sei de um convento onde as Irmãs dormiram no porão, cedendo suas camas aos refugiados judeus." Em 25 de julho de 1944, Zoller foi recebido pelo Papa Pio XII. Notas feitas pelo secretário de estado do Vaticano Giovanni Battista Montini (que se tornaria o Papa Paulo VI) mostram que o Rbino Zoller agradeceu ao Santo Padre por tudo que ele fizera para salvar a comunidade judaica de Roma - e seus agradecimentos foram transmitidos pelo rádio. Em 13 de fevereiro, 1945, o Rabino Zoller foi batizado pelo bispo auxiliar de Roma Luigi Traglia na Igreja de Santa Maria degli Angeli. Em gratidão a Pio XII, Zoller adotou o nome cristão de Eugênio (o nome do Papa). Um ano depois, a esposa e filha de Zoller também foram batizadas.
Esta parte já deve sanar algumas dúvidas. Recomendo mais uma vez a leitura de todo o artigo no Permanência para constatar, pelo outro lado, a ação positiva da KGB no sentido de enlamear a imagem do Papa Pio XII e do Vaticano.
Salve Maria
- David B. Carvalho
sábado, 7 de fevereiro de 2009
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