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terça-feira, 16 de junho de 2009

Caminho das Indias I: O Cumprimento Ecumaníaco

Considerando-se a teologia do pluralismo, não há como não notar a falta de um cumprimento que identifique os diversos jesuses proveniente deste cristianismo que produziu mais Cristos do que todas as heresias dos últimos dois milênios. O Cristo que vivia em São Paulo, era o Cristo que é Cristo, o Santo dos Santos, o Messias, Filho de Deus e Verbo que se fez carne. Mas o Cristo de Paulo, que alguns rapazes clamaram para expulsar demônios, não era conhecido nem pelo própio demônio, pois até mesmo ele sabia que Paulo era de Cristo, não Cristo de Paulo. Já o Cristo dos hereges, tal como o que vive em Leonardo Boff, é o Cristo que é Marx, como também o Cristo que é de Boff e não ele é de Cristo. Na mesma linha, vai o Cristo que viveu em Lamennais, é o Cristo que é liberal, que também é o Cristo que é de Lamennais, não ele que é de Cristo.

Poderia ainda citar o Cristo de Ário, Lutero, Calvino, Loisy, Buttman e outros tantos, mas não caberiam neste artigo. Citei este para demonstrar que além da concepção tradicionalista católica, não há uma concepção universal de Cristo, são todos particulares produtos de cada um e da cultura nominalista. Logo em uma cultura que só se conhece concepções particulares de Cristo, busca-se a concepção universal através do ecumenismo (Algo bem democrático; a maioria decide quem é Cristo). 

Tendo em conta que a Paz do Senhor, não é o cumprimento adequado para os ecumênicos. Considerando-se o cumprimento que melhor identifica a unidade do gênero humano, proposta por este cristianismo, podemos encontrá-lo embrionariamente, no caminho das Índias (Imanência religiosa). Em sua forma embrionária, ele é o cumprimento “Namastê” que significa: 

“O deus que esta em mim saúda o deus que esta em você.”

Em sua forma evoluída ao gosto de todos, formulada intelectualmente e adaptada ao movimento ecumênico (e aos diálogos), ele se transforma em Cristotê, que significa:

“O cristo que habita em mim, saúda o cristo que habita em você.”

Como o leitor pode ver, o ecumenismo é tão antigo quanto o politeísmo. O policristianismo começou com o antropocristianismo renascentista e nominalista do revoltado voluntarista Martinho Lutero e encontrou sua máxima definição no modernismo católico que se consumou no Concílio Vaticano II. Fica a sugestão para um cumprimento proporcional ao gnósticos criadores de jesuses, pois tal como o verdadeiro Jesus estremeceu as entidades pagãs, como relata o Cardeal Pie, o Cristo que é Cristo do tradicionalismo católico, faz tremer os falsos Cristos que não passam de anticristos da cultura moderna. Isto é facilmente provado no tratamento que os seguidores dos outros jesuses, dão aos tradicionalistas. O Cristo do tradicionalismo católico e os outros Cristos são como água e óleo, não se misturam.

sábado, 13 de junho de 2009

Porque o Êxodo em massa ao Protestantismo?

Por John Vennari

Quando o Papa Bento XVI veio ao Brasil em Maio passado (2007), havia notícias em todo o mundo de que um dos problemas mais críticos que ele deveria abordar na América do Sul era o do êxodo em massa dos Católicos para diversas formas de Protestantismo.

Na época, os jornais reportaram:

1) Os ministros Protestantes superavam na proporção de 2 para 1 os padres Católicos;

2) A Igreja esperava de 300 a 400 mil pessoas para a Missa ao ar livre do Papa Bento no Santuário de Aparecida, mas somente 150 mil compareceram;

3) Por volta do mesmo horário, os Protestantes faziam seu evento anual “Marcha para Jesus”, ao qual compareceram 1.5 milhões de pessoas;

Creio que foi o Cardeal Hume, da Sagrada Congregação do Clero, que disse que na América do Sul havia uma hemorragia de Católicos para o Protestantismo.

O que desejo fazer esta manhã é abordar o que acredito serem algumas das razões deste êxodo em massa estar acontecendo, como também, com todo respeito, dar algumas recomendações do que pode ser feito sobre isso.

Com relação às razões: vou listar três razões, mas não necessariamente em ordem cronológica.

A primeira razão:
Temos que reconhecer que a América do Sul tem sido alvo do Protestantismo desde os anos 50. O Padre John Harden, um teólogo Jesuíta americano, conta que em 1957, participava de um encontro do Conselho Mundial de Igrejas, em um cargo oficial para o Vaticano. Nessa reunião, as lideranças do Conselho Mundial de Igrejas incitavam os missionários Protestantes a focar agressivamente a América do Sul com uma campanha de proselitismo a fim de aumentar as conversões. O CMI estava ciente de que a América do Sul era predominantemente Católica, e o objetivo do CMI era romper a força da Igreja Católica na América Latina.

A segunda razão:
O Sr. Nelson Rockfeller, o multi-milhonário globalista e humanista, publicou uma reportagem sobre a América Latina em 1969/1970. Nessa reportagem Rockfeller diz que na América Latina a Igreja Católica NÃO era uma aliada dos Estados Unidos – e que “nós” deveríamos portanto promover várias seitas Evangélicas não-Católicas na América Latina.

E acreditem; Rockfeller foi capaz de fornecer enormes quantias de fundos para espalhar o Protestantismo na América Latina.

Portanto, essas duas informações indicam que a América Latina foi alvo de uma campanha agressiva, organizada e rica do proselitismo Protestante para enfraquecer a Igreja Católica; e para afastar almas da verdadeira Fé.

E isso nos leva à terceira razão:

Temos que reconhecer que essa campanha não poderia ter sido bem sucedida se a Igreja Católica na América do Sul opusesse forte resistência; se o clero e os laicos tivessem simplesmente desenrolado a bandeira da Igreja e travado sua própria campanha, corajosa  de contra-reforma.

Mas algo aconteceu que impediu que muitos de nossos Clérigos influentes abandonassem o conceito de Igreja militante; que muitos de nossos Clérigos tivessem vergonha de se engajarem em atividades de contra-reforma. E o mais significativo evento que efetivamente matou a verdadeira militância Católica, que matou as atividades contra-reforma, e que deixou a Igreja aberta aos saques do  Protestantismo foi o Vaticano II e o novo espírito do ecumenismo.

Este novo espírito de colaboração ecumênica com o Protestantismo efetivamente esmagou as trincheiras de proteção Católica contra os erros do Protestantismo, e os erros do naturalismo. Esse novo espírito também acabou com os pronunciamentos dos Anáthemas. Não queremos condenações, mas sim, queremos simplesmente promover os aspectos positivos da Fé.

Na verdade isso é contrário ao espírito do Próprio Cristo. Sabemos, ao ler o Evangelho, que Nosso Senhor não fez só um ou outro: Ele fez ambos: Ele pronunciou a verdade e a bondade da Fé Católica. Ele disse aos seus apóstolos: “Vão em frente e preguem a todas as nações, batizando-as em Nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo”. Mas ele também ameaçou os excomungados: Aquele que acreditar e for batizado será salvo; aquele que não crer será condenado”.

O falecido Dr. Romano Amerio, grande teólogo do Vaticano II, que era admirado pelo Papa Bento XVI, disse o seguinte a respeito do novo espírito de não condenação dos erros:

O estabelecimento do princípio da misericórdia em contrapartida ao da severidade, ignora o fato de que na mente da Igreja, a condenação dos erros é em si própria um ato de misericórdia, uma vez que, apontando os erros, aqueles que os estão cometendo são corrigidos e outros serão impedidos de caírem neles”.

Agora, o novo espírito ecumênico teve um efeito danoso na catequese Católica. Desde a época do Conselho, era considerado ofensivo aos Protestantes ensinar que a Igreja Católica é a única e verdadeira Igreja. Como resultado, uma das primeiras coisas que desapareceu do treinamento de nossos jovens Católicos, foi a sólida apologética Católica de que só a Igreja Católica é a única e verdadeira Igreja estabelecida por Nosso Senhor.

E, como resultado, temos agora duas gerações completas de Católicos a quem – de maneira geral – não foram ensinadas esta verdade. E atrevo-me a dizer: temos agora duas gerações completas de seminaristas a quem não foram ensinadas esta verdade.

E, com sua permissão, eu falo com experiência. Nasci em 1958. Estudei 13 anos em escola Católica – ou seja; jardim da infância, primário e colegial. Estava na escola durante o Vaticano II e as reformas subseqüentes. Nunca ouvi falar em Apologéticas Católicas até os 22 anos de idade.

Na escola nunca recebi ensinamentos que a Igreja Católica é a única e verdadeira Igreja de Jesus Cristo.

E lamento dizer que, se tivesse acreditado no que me foi ensinado em 12 anos de escola Católica, já teria perdido minha fé há muito tempo. Foi-nos ensinado um evangelho mais social: um evangelho suave e efeminado, sem dentes nem espinha dorsal.

Conheci a minha fé primeiramente através de livros antigos que meus pais tinham em casa, e depois através de intensas pesquisas e estudos.

Portanto, com o novo espírito ecumênico que foi lançado pelo Conselho, muitos Clérigos não mais se opuseram ao Protestantismo, não mais ensinaram que a Igreja Católica era a única e verdadeira Igreja estabelecida por Nosso Senhor. E, convenhamos, sem essa educação e treinamento firmes, os laicos foram abandonados sem as defesas que precisavam para resistir ao agressivo avanço do Protestantismo.

Uma Vibrante Campanha de Contra-Reforma

Agora, como recomendação do que pode ser feito, acredito que o que necessitamos desesperadamente é de uma forte campanha de ensinamentos Católicos aos laicos, que reitere a verdade de maneira descompromissada, de que a Igreja Católica é a única e verdadeira Igreja estabelecida por Cristo, e que um Católico que abandona a fé Católica para seguir uma seita Protestante não salvará sua alma. O Católico que abandona o Catolicismo pelo Protestantismo poderá – de maneira objetiva – cair sob os solenes anátemas do Concílio de Trento.

Aderir ao Protestantismo é abandonar o Sacramento da Confissão.

O Concílio de Trento prega infalivelmente: “Se alguém disser que a Penitência na Igreja Católica não é um sacramento verdadeiro e correto, instituído por Cristo Nosso Senhor para reconciliar os fiéis com Deus, todas as vezes que caem em pecado após o batismo, que ele seja excomungado”.

Aderir ao Protestantismo é abandonar a crença na Presença Real de Nosso Senhor nos Santos Sacramentos.

O Concílio de Trento prega infalivelmente: “Se alguém negar que no Sacramento da Sagrada Eucaristia estão contidos verdadeiramente, realmente e substancialmente, o corpo e o sangue junto com a alma e divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo, e consequentemente o Cristo completo; mas disser que Ele está presente somente como um sinal, ou figura, ou virtude, que ele seja excomungado.

Aderir ao Protestantismo é abandonar a crença no Sagrado Sacrifício da Missa

O Concílio de Trento prega infalivelmente: “Se alguém disser que o sacrifício da missa é somente um sacrifício para louvar ou dar graças; ou que é uma mera comemoração do sacrifício consumado na cruz, mas não um sacrifício
Conciliatório; ou que somente a pessoa que o recebe o aproveita; e que não deve ser oferecido aos vivos e aos mortos pelos seus pecados, penas, satisfações, e outras necessidades; que ele seja excomungado.

Como disse, o Católico que abandona o Catolicismo pelo Protestantismo não pode evitar – de maneira objetiva – de cair sob os solenes anátemas do Concílio de Trento. Ele não salvará sua alma.

Esta é a realidade de nossa Fé Católica que deve ser ensinada, não de maneira abrupta ou beligerante, mas ensinada firme e amorosamente – sempre mostrando às pessoas o grande amor de Deus em Seu sofrimento e morte na Cruz por nós; e Seu amor em criar uma Igreja e Seu amor em dar-nos sete sacramentos. A operação da graça não muda, e as experimentadas e verdadeiras apologéticas Católicas podem ainda fazer milagres pela salvação das almas.

Portanto, quero revisar alguns pontos das apologéticas Católicas normais. As considerações que aqui faço podem ser úteis para os seus.

Quero deixar claro que nessas apologéticas, estamos falando sobre posições, e não sobre pessoas. Estamos olhando a posição Católica versus a posição Protestante. Tenho certeza que todos nós conhecemos Protestantes que são modelos de virtude natural, e tenho certeza que todos conhecemos Católicos que não vivem de acordo com as normas de bondade e justiça que nossa Fé requer. Mas pessoas não contam nas Apologéticas, somente as posições.

E começaremos olhando para o princípio fundamental Protestante “Somente a Bíblia”.

Bíblia: A Única Regra da Fé?

O Protestante acredita estar em solo firme, pois diz que acredita e aceita a Bíblia e somente a Bíblia, como única regra da Fé.

Esta é a doutrina central Protestante da Sola Scriptura – a Bíblia sozinha é a única regra de Fé. É a Bíblia e somente a Bíblia que é o Pilar e Suporte da verdade.

Portanto a primeira pergunta a fazer é: quão estável é este suporte Protestante? O Protestante está realmente em terra firme quando diz que a Bíblia sozinha é a única regra de Fé?

Há um conhecido convertido ao Catolicismo nos Estados Unidos chamado Scott Hahn – um ministro Protestante que tornou-se Católico. Parte de sua história de conversão nos dá boas respostas a esta questão (Eu pessoalmente gostaria que o Dr.Hahn tivesse se tornado um pouco mais tradicional após sua conversão, mas isso não diminui a força da história)

Dr. Hahn foi ministro Presbiteriano, que, em seus dias de seminarista, era veementemente anti-Católico. Subsequentemente, como ministro, fez um tremendo estudo das Escrituras, pois queria que seus sermões fossem impregnados das Escrituras.

Mas, quanto mais ele estudava as Escrituras, mais ele percebia que as verdades nas quais os Católicos acreditavam, particularmente manifestadas nos ensinamentos dos antigos Pais da Igreja – São Jerônimo, São Basílio, Santo Agostinho - eram firmemente enraizadas nas Sagradas Escrituras. Esses Pais da Igreja eram Católicos. Cada um deles celebrava o Santo Sacrifício da Missa!

Não vou contar toda sua história, mas quero ressaltar um evento crucial que foi decisivo para sua conversão. Foi algo que ocorreu enquanto ele lecionava.

Lá estava ele, um Ministro Presbiteriano – um Professor Presbiteriano – ensinando a jovens adultos.

E um dos mais inteligentes alunos da classe perguntou, “Dr. Hahn, o senhor sabe a maneira como nós Presbiterianos acreditamos que somente a Bíblia é a única regra da fé Cristã, e nós seguimos a Bíblia e somente a Bíblia – e não a Bíblia e a Tradição?”

Hahn disse “sim”

O aluno disse, “Bem, e em que lugar da Bíblia isso é dito?”

Hahn respondeu, “Que pergunta mais estúpida!”

Assim que falou isso Hahn disse a si mesmo, “Você nunca falou assim com um aluno antes. Você nunca respondeu a um aluno insultando-o.”

Mas a razão pela qual Hahn respondeu daquela maneira foi porque ele sabia que não tinha uma resposta.

Hahn disse, “Bem, em Timóteo 2o., 3:16”

Mas o estudante retrucou, “Não, Timóteo 2º., 3:16 diz ‘Toda Escritura, inspirada por Deus, deve ser aproveitada para ensinar, para reprovar, para corrigir, em instrução, em justiça’. Diz que as Escrituras são úteis! Não diz que só devamos acreditar na Bíblia!”

Então Hahn disse, “Bem, veja o que Nosso Senhor diz sobre a Tradição em Mateus 15”.

Mais uma vez o aluno respondeu, “Bem, nada! Nosso Senhor não estava condenando toda Tradição, mas Ele estava condenando a tradição corrupta dos Fariseus”.

Então, após mais algumas tentativas frustradas de citar as Escrituras, Hahn anunciou que a aula chegara ao final e que poderiam continuar na próxima semana.

Agora, Dr. Hahn percebeu que não havia respondido à pergunta do aluno. E o aluno sabia que sua pergunta não tinha sido respondida.

Hahn foi para casa suando frio aquela noite e pensava, “Qual é a resposta para aquela pergunta?”

Ao chegar em casa telefonou para aqueles que considerava serem os maiores estudiosos Protestantes das escrituras nos Estados Unidos. E perguntou-lhes: “Pode ser que eu tenha dormido durante esta parte do meu treinamento no seminário, mas: vocês sabem a maneira como nós Protestantes acreditamos somente na Bíblia, e não nas Escrituras e Tradições – Onde na Bíblia isso é citado?”

E cada um desses estudiosos Protestantes disse: “Que pergunta mais estúpida!”

Então cada um desses professores invocou os mesmos versículos que Hahn tinha invocado: “Bem, há Timóteo 2º., 3:16” Ao que Hahn respondia como seu aluno, “Não esse versículo só diz que as Escrituras são úteis, e não que sejam a única regra de Fé”.

Cada um dos professores também disse, “Ora, existem as palavras de Nosso Senhor em Mateus 15”.

E Hahn retorquiu, “Não, Nosso Senhor não estava condenando toda a tradição, mas somente a tradição corrupta dos Fariseus.” E disse mais, “São Paulo nos instruiu em Tessalonicences  2º., 2:14 para resistirmos e “mantermos as tradições que aprendemos, seja por palavras, ou por nossas epístolas” (Thes. 2, 2:14).

E esses grandes sábios, esses mais eminentes teólogos Protestantes ficaram sem resposta.

Foi aí que Scott Hahn percebeu que o princípio central, fundamental do Protestantismo – somente a Bíblia – não é Bíblico!

Esta é uma tremenda contradição, e uma das razões pelas quais nunca poderia ser um Protestante. O Protestantismo alega que a base de seu sistema de crença é somente a Bíblia, mas o princípio de “Somente a Bíblia” é um princípio não bíblico; é um princípio que não é encontrado em nenhum lugar da Bíblia.

Sem Base na História

Em segundo lugar, o princípio de que “somente a Bíblia como única regra de Fé”, não pode ser um verdadeiro princípio do Cristianismo pois não tem base na história do Cristianismo.

Como os primeiros cristãos aprenderam sua Fé?

Como a Fé era comunicada a eles?

Como foi que Nosso Senhor pediu aos Apóstolos para comunicarem a Fé, as verdades que devem ser acreditadas para a salvação?

Ele ordenou: “vão em frente e ensinem todas as nações, batizando-as em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo”. Ele disse a Pedro, “Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei minha Igreja” (Mat. 16:18). E São Paulo ensinou claramente que é a Igreja que é o pilar e o mastro principal da verdade (Tim. 1, 3:16).

Nosso Senhor deu a Pedro a autoridade, e incumbiu os Apóstolos a pregar em Seu nome. “Como meu Pai me enviou eu também vos envio”. (João 20:21).

Nosso Senhor não escreveu livros. Tampouco disse aos seus Apóstolos: “Sentem-se e escrevam Bíblias e as espalhem sobre a terra, e que cada homem leia sua bíblia e julgue por si mesmo”, o que é a essência do Protestantismo – cada indivíduo lê a Bíblia e decide para si quais são as verdades do Cristianismo. Não! Como disse, Nosso Senhor fundou uma Igreja para pregar em Seu Nome: “Aquele que os escutam, é a Mim que está escutando, aquele que os rejeitam é a Mim que rejeitam” (Lucas 10:16).  “E aquele que não ouvir a Igreja, seja considerado pagão e pecador público”. (Mat: 18:17)

A Igreja e a Fé existiam antes do Novo Testamento. Somente cinco dos doze Apóstolos escreveu algo! A Igreja estava ensinando, administrando sacramentos, os Apóstolos estavam perdoando pecados, a Igreja fazia mártires de sete a dez anos antes que uma só letra fosse escrita num pergaminho.

A Igreja estava espalhada por todo o Império Romano antes que uma só palavra do Novo Testamento fosse escrita. Tínhamos santos e mártires Católicos antes de termos Evangelhos e Epístolas.

O primeiro Evangelho foi escrito por São Mateus, cerca de sete anos após Nosso Senhor ter deixado este mundo. O próximo foi o Evangelho de Marcos, escrito 10 anos após Cristo ter subido aos céus. O Evangelho de São Lucas foi escrito 25 anos após a Ascenção de Nosso Senhor, e o Evangelho de João foi escrito 63 anos após Nosso Senhor ter deixado esta terra. O Apocalipse foi escrito 65 anos após a Ascenção de Nosso Senhor. E tudo isso foi escrito, como reitera o Papa Leão XIII, sob a Divina Inspiração.

Sendo assim, como é que os primeiros Cristãos se tornaram Cristãos e salvaram suas almas? Lendo a Bíblia? Não, pois não havia o Novo Testamento.

Vimos que o Novo Testamento nem havia sido terminado 65 anos após Nosso Senhor Ascender ao Céu.

Mas isto não é tudo.

Por mais de trezentos anos, a Igreja não tinha todos os livros da Bíblia compilados em um só livro.

E isto nos leva diretamente à questão da Autoridade.

Pois se você me der um livro – chamado A Bíblia. E você me disser que tudo naquele livro é a infalível palavra de Deus, a primeira coisa que vou perguntar é, “Quem disse isso?”

“Quem disse isso?”

Os livros não se escrevem sozinhos. Livros de múltiplos autores não se compilam sozinhos em um grande livro, e depois se auto-proclamam terem sido escritos pela palavra de Deus.

Não! Alguém, ou algum núcleo social, a quem Deus outorgou a autoridade de ensinar; de ensinar em Seu Nome; de ensinar infalivelmente, que pode me dizer isso. Somente uma autoridade como essa pode me dizer que esse livro é a palavra infalível de Deus.

E foi a Igreja Católica, no Concílio de Cartago em 397 DC, através da orientação do Espírito Santo, que determinou de uma vez por todas, qual era o Cânone do Novo Testamento; que decidiu que livros foram divinamente inspirados e quais não foram.

Vocês se lembram que existiam vários outros “Evangelhos” e “Epístolas” em circulação; alguns escritos por homens bons e santos, mas que não foram palavras inspiradas por Deus (por exemplo, as Epístolas de São Clemente). Outros foram simples fabricações; como os chamados Evangelho de Pilatos ou o Evangelho de Nicodemos.

E foi a Igreja Católica que decidiu quais livros foram inspirados divinamente e quais não foram. Foi a Igreja Católica que juntou o Novo Testamento, agregou-o ao Velho Testamento, e entregou a Bíblia ao mundo. Foi a Igreja Católica que produziu a Bíblia, não foi a Bíblia que produziu a Igreja.

Portanto, como disse, o princípio Protestante de “Somente a Bíblia” não tem base na história. A religião Católica é a única religião que pode responder à pergunta “Quem disse isso?” – ou seja “quem disse que a Bíblia é a palavra escrita de Deus?”

E apareceu Gutenberg!

Mas o problema não pára aí. Pois se é necessário que eu leia a Bíblia para ser salvo, se a fé vem somente ao lermos a Bíblia, então a fé só vem pela intervenção da palavra impressa, que só foi inventada em meados do século 15 por Johannes Gutenberg.

Antes disso, todos os livros eram copiados manualmente. Era uma tarefa laboriosa, demorada e dispendiosa. Não era possível dar uma cópia da Bíblia a cada Católico, nem mesmo a cada família Católica.

Somente tivemos Bíblias distribuídas amplamente há pouco mais de 400 anos. Então o que acontecia com os milhões de Cristãos que viveram antes disso, que viveram toda a sua vida sem nunca terem visto uma Bíblia ou um texto impresso do Novo Testamento?

Então, a teoria de “Somente a Bíblia” – ou seja, de que seguindo só a Bíblia como caminho da salvação – pressupõe que a Bíblia deveria ter estado disponível a todos os homens desde a fundação do Cristianismo. Bem, já vimos que esse não foi o caso. Vimos que os livros do Novo Testamento foram escritos 65 anos após Nosso Senhor ter deixado a terra. E vimos que o Mundo Cristão não teve uma Bíblia completa e compilada antes de 397 DC; e que nem estavam disponíveis para distribuição em massa até meados do século 15. Portanto, o princípio “Somente a Bíblia” não tem base na história.

Conflitos com a Razão

Finalmente, o princípio de Somente a Bíblia é contrário à razão. Pois se você me der um livro e me falar que tudo o que é escrito nesse livro é a Palavra de Deus, e que devo lê-lo e acreditar Somente na Bíblia para a salvação, a primeira coisa que vou dizer-lhe é “Ótimo, então deixe-me em paz. Me dê essa Bíblia e eu decido qual é o verdadeiro sentido das Escrituras”.

Esse é essencialmente o sistema Protestante. Se você for a uma congregação Luterana, você estará vendo só a interpretação particular de Martinho Lutero sobre a Bíblia.

E se for a uma congregação Metodista, você estará vendo a interpretação particular da Bíblia por um indivíduo chamado John Wesley.

E se for a uma congregação Presbiteriana, você verá só a interpretação particular de John Knox, o fundador desse grupo.

E se você for membro de uma denominação Protestante, não há razão para que se levante e diga ao pregador; ”Irmão, eu acredito que não fales a verdade. Sua interpretação está errada! Eu encontrei o significado correto”.

E se você for muito zeloso e eloquente suficiente, e determinado, você poderá começar a pregar, e você poderá começar sua própria congregação Protestante – pois foi assim que todas elas começaram.

E percebemos que isso é consequencia da interpretação particular da Bíblia. Pois, de acordo com o sistema Protestante – que todo homem que lê a Bíblia e chega a sua própria interpretação – a conclusão lógica disso é que poderiam haver tantas religiões Protestantes tanto quanto forem os indivíduos. Para eles não há uma igreja estabelecida por Cristo para ensinar em Seu nome! Não existe uma autoridade estabelecida por Deus para dizer-me que talvez eu tenha cometido um erro!

Esta é uma das razões pelas quais eu nunca poderia ter sido um Protestante. Vejo que o princípio de “Somente a Bíblia” é contrário ao das Escrituras, não tem base histórica e é contrário à razão: pois termina em milhares de interpretações conflitantes das Escrituras, e é contrário ao que Nosso Senhor estabeleceu para o que seria Sua Igreja.

A Bíblia Me Tornou Católico!

Um dos muitos Protestantes que finalmente descobriram esta verdade foi um homem chamado Paul Whitcomb.

Paul Whitcomb era um ministro Protestante cujos intensos estudos das Sagradas Escrituras o fizeram aceitar a Igreja Católica como a única verdadeira Igreja edificada na Bíblia. Isso é explicado em um folheto já esgotado chamado A Bíblia me Tornou um Católico.

O Sr. Whitcomb estudou as Escrituras através do método “interpretação por correlação”.

O método funciona da seguinte maneira. Ele focava em determinada frase das Escrituras, como por exemplo “Filho de Deus”, e procurava nas Escrituras  cada vez que aquela frase era usada, a fim de encontrar a verdade Bíblica do significado daquela frase.

Quando usou esta interpretação por correlação para a palavra “Igreja”, foi levado a uma descoberta inesperada (resumida aqui em quatro pontos).

1) Sua primeira descoberta, disse, foi de que a “Igreja”  na Bíblia era definida como “um corpo” – e não somente um corpo humano, mas um Corpo Divino – o Corpo Místico do Próprio Cristo.

“Ele é também a Cabeça daquele corpo que é a Igreja”(Colossenses, 1:18)

“Ora, vocês são o corpo de Cristo e membros dele cada qual por sua parte” (Coríntios I, 12:27)

“Pois somos membros do seu corpo” (Efésios, 5:30)

2) O Sr. Whitcomb também descobriu que esta Igreja não era um corpo desmembrado, mas sim um corpo unificado.

“Haverá um só rebanho e um só pastor” (João, 10:16)

“Eu lhes dei a Glória que me destes, para que eles sejam um, assim como nós somos um” (João  17:22).

“Há um só corpo e um só espírito, como também uma só esperança... um só Senhor, uma só Fé, um só Batismo” (Efésios 4:4-5).

O Sr. Whitcomb percebeu claramente que este corpo – a Igreja – era constituído como único: único em membros, único em crença, único em adoração, e único em governança.

3) Então ele percebeu que esta Igreja deve ser uma Igreja de ensinamentos. E não apenas isso, mas uma Igreja de ensinamentos infalíveis:

“De Deus recebi todo o poder no céu e na terra. Portanto vão e façam de todos os povos discípulos meus, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo e ensinando-os a observar o que eu ordenei” (Mateus 28:18-20).

4) Percebeu que Nosso Senhor pedia a divina proteção para aquela autoridade que ensinava:

“Eu lhes disse estas coisas enquanto permaneço com vocês. Mas o Peráclito, o Espírito Santo, que o Pai vai enviar-lhes em Meu nome, ele lhes ensinará todas as coisas e lhes recordará tudo o que eu lhes disse. Quando vier o Peráclito, que eu lhes enviarei da parte do Pai, ele dará testemunho de mim, porque desde o princípio estão comigo” (João 14:25-26 – 15:26-27)

Leu também em Timóteo 1 3:15

“Enquanto lhe escrevo isso …que você saiba como se comportar na casa de Deus, que é a Igreja do Deus vivo, coluna e baluarte da verdade”

“Após ler tudo isso, ele notou, “ Eu estava perturbado pela descoberta dessa verdade Bíblica ... pois [como Protestante] não era membro de uma Igreja que ensina, muito menos de uma Igreja que ensina a verdade infalível”.

Pois essa “igreja” nem existe no sistema Protestante.

O Sr. Whitcomb continua:

“A Igreja da qual eu era membro, como todas as outras igrejas Protestantes, ao contrário mantinha que a Bíblia é a única  distribuidora e garantia da verdade divinamente autorizada, que se alguém será salvo ele deverá aprender através da Bíblia o que deve fazer para ser salvo. De acordo com a crença Protestante, a única responsabilidade da Igreja é garantir aos “salvos”, aqueles que professam Cristo como Senhor e Salvador, um lugar onde possam se reunir na ‘comunhão da oração’”.

“Isso apesar do fato de que nos primeiros quatrocentos anos não havia uma bíblia Cristã publicada;

“Apesar do fato de que nos próximos mil anos até a invenção da imprensa escrita, havia pouquíssimas Bíblias;

“Isso apesar do fato de que aqueles que fizeram da Bíblia sua única regra de Fé inventaram centenas de regras de fé conflitantes;

“Isso apesar do fato de que a própria Bíblia afirma que muitos que a interpretam privadamente (II Pedro 3:16) a interpretarão erroneamente”.

Para encurtar a história, O Sr. Whitcomb explicou que a única “Igreja” que se encaixava na descrição de “Igreja” encontrada na Bíblia, era a Igreja Católica. (Ele também percebeu que a Bíblia não diz tudo, como João 21:25 nos diz “há muitas outras coisas que Jesus fez e que, se fossem escritas uma por uma, creio que nem o mundo inteiro poderia conter os livros que seriam escritos”)

Foi a Igreja Católica, segura em sua infalível autoridade outorgada por Nosso Senhor que nos deu a Bíblia, e é somente pela autoridade da Igreja Católica que sabemos com certeza que a Bíblia é a verdadeira palavra de Deus. Foi por isso que Santo Agostinho, no século quarto falou: “Eu não acreditaria nos Evangelhos, caso a autoridade da Igreja Católica não me movesse a fazê-lo”

Isso é somente um resumo desses tópicos. Não tive tempo de desenvolver para vocês as bases bíblicas de rezar para os anjos e santos, pela devoção de Nossa Mãe Bendita, e outros aspectos da doutrina Católica. Mas desejo reiterar que uma sólida contra – reforma apologética é mais importante do que nunca.

Não imitem os Protestantes!

Também acho necessário a fim de parar o fluxo de Católicos ao Protestantismo, é importante que , em nossos esforços, não imitemos o Protestantismo ou os maneirismos Protestantes, mas sim, imitemos os santos.

E o santo em particular que estou pensando é um Santo que passou um tempo na América Latina, Santo Antonio Maria Claret, ex Arcebispo de Santiago, Cuba, reconhecido por seus milagres e leitura de almas.

Quero contar-lhes uma pequena lição que ele deu a um padre, e ocorreu em Madrid, antes do santo ir a Cuba.

Um padre chamado Dom Hermenegildo, na Espanha, era conhecido por suas eloqüentes pregações, e um dia ele pregou um sermão brilhante e inflamado. Santo Antonio Maria Claret assitiu ao sermão.

Don Hermenegildo recebeu muitos elogios por seu sermão, mas o Arcebispo Claret não o cumprimentou, mas se retirou silenciosamente.

Esse fato perturbou muito Dom Hermenegildo, e na manhã seguinte visitou Santo Antonio Maria Claret.

Dom Hermenegildo disse ao Arcebispo Claret, “Perdoe-me, Vossa Excelência, por perturbá-lo com esta visita inoportuna. Gostaria de aliviar meu coração com o senhor. Não consegui dormir a noite toda. Diga-me Arcebispo, meu sermão de ontem não o agradou? Seu silêncio foi como um aviso e uma reprovação para mim!”

Antonio Maria Claret, com a caridade de um santo, queria consolá-lo e encorajá-lo, mas também queria dar-lhe um aviso importante.

O Santo respondeu, “Diga-me, Dom Hermenegildo, você nunca pregou sobre a salvação da alma ou sobre o terrível infortúnio dos condenados?

“Não, Vossa Excelência, nunca preguei sobre esses assuntos”.

“Já pregou sobre a morte, o julgamento, sobre o inferno, sobre a necessidade da conversão, de se evitar o pecado e fazer penitência?”

“Também nunca preguei diretamente sobre esses assuntos”

“Então meu amigo, vou lhe falar com toda sinceridade, como você pediu. Seu sermão não me agradou, e tampouco posso aprovar o procedimento daqueles que em seus sermões omitem essas grandes verdades do Cristianismo e só tocam nesses assuntos como obrigação mas não para salvar almas. Não acho tais sermões nem agradáveis e nem aprovados por Nosso Senhor, Jesus Cristo.”.

Dom Hermenegildo ouviu e permaneceu calado, mas logo a população de Madrid notou uma mudança radical em seu famoso pregador. Anteriormente as pessoas aplaudiam a eloqüência de Dom Hermenegildo, mas agora choravam em pio arrependimento durante seus sermões.

Quanto a Santo Antonio Maria Claret, ele foi a Cuba em 1850, onde permaneceu por somente seis anos. Em pouco tempo ele restaurou, material e espiritualmente, a abatida Arquidiocese de Santiago. Mais que dobrou o número de paróquias: restabeleceu o seminário diocesano, de onde nenhum padre havia sido ordenado em 30 anos; levantou a moral e o zelo do clero bem como seu salário; também ajudou a formação de várias comunidades religiosas, que antes haviam sido reprimidas ou proibidas por lei.

Tenho certeza que poderíamos aprender muito mais através do cuidadoso estudo de sua vida e aplicar à presente situação.

Para terminar, acredito que uma sólida apologética de contra reforma, fidelidade à Mensagem de Nossa Senhora de Fátima, e uma aplicação da piedade e zelo missionário dos santos – como Santo Antonio Maria Claret – terá grande efeito na evangelização das pessoas e no retorno da America Latina à Fé Católica.

Fonte: http://www.fatima.org/port/crusader/cr87/cr87pg58.asp

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo




Padre Elílio de Faria Matos Júnior

- 11 de junho de 2009 -

A solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo é uma festa móvel do calendário litúrgico e ocorre sempre na primeira quinta-feira após a solenidade da Santíssima Trindade. Foi instituída em 1264 pelo Papa Urbano IV para realçar a presença real e substancial de Cristo sob as espécies consagradas e manifestar a alegria da Igreja por dom tão especial. Urbano IV encomendou a Santo Tomás de Aquino, grande teólogo da época, a elaboração da liturgia da festa. O famosíssimo hino "Tão sublime" é de autoria do santo teólogo. Aliás, por sua extraordinária sabedoria, Santo Tomás tem sido constantemente recomendado pelo Supremo Magistério da Igreja como guia seguro nos estudos filosófico-teológicos.

O sacramento da Eucaristia, com efeito, pode ser dito o sacramentum magnum ("o grande sacramento"), pois que ele encerra de modo admirável todo o mistério da Redenção de que nos fala São Paulo, aquele "mistério que ele [Deus] manteve escondido desde séculos e por inúmeras gerações e que, agora, acaba de manifestar aos seus santos" (Cl 1,26). A Igreja diz: "Exerce-se a obra de nossa redenção sempre que o sacrifício da cruz, pelo qual Cristo nossa Páscoa foi imolado (1Cor 5,7), se celebra sobre o altar" (Vaticano II, Lumen Gentium, 3).

O sacrifício perfeito oferecido uma única vez por Cristo na cruz, sacrifício de amor, de obediência e de louvor ao Pai e, por isso mesmo, capaz de apagar nossos pecados, torna-se realmente presente todas as vezes que celebramos a Santa Missa, de tal modo que, participando da eucaristia, é como se estivéssemos aos pés da cruz com Jesus em sua oferta amorosa ao Pai e aos homens. Mysterium magnum - grande mistério!

Como realçou o saudoso João Paulo II em sua memorável encíclica Ecclesia de Eucharistia, o augusto sacramento do Corpo e Sangue de Cristo comporta três dimensões: sacrifício,presença e comunhão. Sacrifício porque, como dissemos, ele torna presente e atual sobre nossos altares o mesmo e único sacrifício da cruz. Presença porque o sacrifício supõe a presença real e substancial do próprio Cristo, que é, a um só tempo, Sacerdote, Altar e Cordeiro.Comunhão porque Cristo quis associar a Igreja a esse seu sacrifício, de modo que ela se ofereça com Cristo ao Pai e receba a própria vida sobrenatural de Cristo, o que santifica a Igreja, fazendo dela verdadeiro Corpo Místico de Cristo. A comunhão se realiza em plenitude quanto recebemos o Corpo e o Sangue do Cordeiro sob as espécies consagradas.

Possamos aprofundar-nos sempre mais na contemplação deste tão grande mistério de nossa fé e colher a graça de nos tornarmos filhos no Filho e, assim, irradiar em nossas famílias e na sociedade o esplendor da "vida em abundância" (Jo 10,10) que Cristo nos trouxe.

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O Hino Adoro Te Devote

terça-feira, 9 de junho de 2009

INDULGÊNCIAS POR OCASIÃO DO ANO SACERDOTAL

PENITENCIARIA APOSTÓLICA
INDULGÊNCIAS POR OCASIÃO DO ANO SACERDOTAL
Como já foi anunciado, Bento XVI decidiu proclamar um especial Ano Sacerdotal por ocasião do 150º aniversário da morte do santo Cura d'Ars, João Maria Vianney, luminoso modelo de pastor, plenamente dedicado ao serviço do povo de Deus. Durante o Ano Sacerdotal, que terá início a 19 de Junho de 2009 e se concluirá a 19 de Junho de 2010, será concedido o dom de indulgências especiais, segundo o que
está descrito no seguinte Decreto da Penitenciaria Apostólica.


PAENITENTIARIA APOSTOLICA
URBIS ET ORBIS
D E C R E T O

Serão enriquecidos com o dom de Sagradas Indulgências, particulares exercícios de piedade, a realizar-se durante o Ano Sacerdotal proclamado em honra de São João Maria Vianney.
Aproxima-se o dia no qual se comemorarão os 150 anos do piedoso trânsito para o céu de São João Maria Vianney, Cura d'Ars, que aqui na terra foi um admirável modelo de verdadeiro Pastor ao serviço do rebanho de Cristo.
Dado que o seu exemplo é adequado a estimular os fiéis e,
principalmente, os sacerdotes a imitar as suas virtudes, o Sumo Pontífice Bento XVI estabeleceu que, para esta ocasião, de 19 de Junho de 2009 a 19 de Junho de 2010 seja celebrado em toda a Igreja um especial Ano Sacerdotal, durante o qual os sacerdotes se reforcem cada vez mais na fidelidade a Cristo com meditações piedosas, exercícios
sagrados e outras obras oportunas.
Este período sagrado terá início com a solenidade do Sacratíssimo Coração de Jesus, dia de santificação sacerdotal, quando o Sumo Pontífice celebrará as Vésperas na presença das sagradas relíquias de São João Maria Vianney, trazidas a Roma pelo Excelentíssimo Bispo de
Belley-Ars. O Beatíssimo Padre também concluirá o Ano Sacerdotal na Praça de São Pedro com os sacerdotes provenientes de todo o mundo, que renovarão a fidelidade a Cristo e o vínculo de fraternidade.
Os sacerdotes empenhem-se com orações e boas obras, em obter do Sumo e Eterno Sacerdote Cristo a graça de resplandecer com a Fé, a Esperança, a Caridade e outras virtudes, e mostrem com o comportamento de vida, mas também com o aspecto exterior, que estão a dedicar-se plenamente
ao bem espiritual do povo; o que, sobre todas as outras coisas, a Igreja teve sempre a peito.
Para alcançar do melhor modo a finalidade desejada, beneficiará muito o dom das Sagradas Indulgências, que a Penitenciaria Apostólica, com o presente Decreto emanado em conformidade com a vontade do Augusto Pontífice, benignamente concede durante o Ano Sacerdotal:


A. Aos sacerdotes verdadeiramente arrependidos, que em qualquer dia devotamente recitarem pelo menos as Laudes matutinas ou as Vésperas diante do Santíssimo Sacramento, exposto à pública adoração ou reposto no tabernáculo e, a exemplo de São João Maria Vianney, se oferecerem com ânimo pronto e generoso à celebração dos sacramentos, sobretudo da Confissão, concede-se misericordiosamente em Deus a Indulgência plenária, que poderá inclusive ser aplicada aos irmãos defuntos como sufrágio; se, em conformidade com as disposições vigentes, se aproximarem da confissão sacramental e do Convívio eucarístico, e rezarem segundo as intenções do Sumo Pontífice.
Além disso, aos sacerdotes concede-se a Indulgência parcial, também aplicável aos irmãos defuntos, cada vez que recitarem devotamente orações devidamente aprovadas a fim de que conduzam uma vida santa e cumpram santamente os ofícios que lhes forem confiados.

B. A todos os fiéis verdadeiramente arrependidos que, na igreja ou no oratório, assistirem devotamente ao divino Sacrifício da Missa e oferecerem, pelos sacerdotes da Igreja, orações a Jesus Cristo, Sumo e Eterno Sacerdote, e qualquer obra boa realizada naquele dia, a fim de os santificar e plasmar segundo o Seu coração, concede-se a
Indulgência plenária, contanto que tenham expiado os próprios pecados com a penitência sacramental e elevado orações segundo as intenções do Sumo Pontífice: nos dias em que se abre e se encerra o Ano Sacerdotal,no dia do 150º aniversário do trânsito piedoso de São João Maria Vianney, na primeira quinta-feira do mês ou em qualquer outro dia
estabelecido pelos Ordinários dos lugares, para a utilidade dos fiéis.
Será muito oportuno que, nas igrejas catedrais e paroquiais, sejam os próprios sacerdotes prepostos ao cuidado pastoral a dirigir publicamente estes exercícios de piedade, a celebrar a Santa Missa e confessar os fiéis.
Aos idosos, doentes e a todos os que por motivos legítimos não puderem sair de casa, com o ânimo desapegado de qualquer pecado e com a intenção de cumprir, assim que possível, as três condições de costume,na própria casa ou onde estiverem a viver, concede-se de igual modo a Indulgência plenária se, nos dias acima determinados, recitarem orações pela santificação dos sacerdotes e oferecerem a Deus com confiança as doenças e as dificuldades da sua vida, por intermédio de Maria, Rainha dos Apóstolos.
Enfim, concede-se a Indulgência parcial a todos os fiéis todas as vezes que recitarem devotamente cinco Pai-Nossos, Ave-Marias e Glórias, ou outra oração devidamente aprovada, em honra do Sacratíssimo Coração de Jesus, a fim de obter que os sacerdotes se conservem em pureza e santidade de vida.

O presente Decreto é válido por toda a duração do Ano Sacerdotal. Não obstante qualquer disposição contrária.
Dado em Roma, na sede da Penitenciaria Apostólica, a 25 de Abril,festa de São Marcos Evangelista, do ano da Encarnação do Senhor de 2009.


James Francis Card. Stafford Penitenciário- Mor
GianfrancoGirotti, O.F.M.,Conv. Bispo Titular de Meta,



Regente

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Escândalo: PUC Minas promove homossexualismo em curso de extensão

 

O documento “Presença da Igreja na Universidade e na cultura universitária“, elaborado pela Congregação da Educação Católica, diz logo em sua nota preliminar:

A Universidade e, dum modo geral, a cultura universitária constituem uma realidade de importância decisiva. Estão em causa questões vitais neste campo e as profundas mudanças culturais com consequências desconcertantes suscitam novos desafios. A Igreja deve tê-los em conta na sua missão de anunciar o Evangelho.

Infelizmente, não é isso o que acontece.

Aqui em Belo Horizonte, a PUC Minas, através de sua Pró-reitoria de Extensão, está promovendo o curso “Direito à Diferença” a ser realizado em sábados, nos meses de abril e maio. Um dos objetivos do curso, voltado principalmente para professores de ensino fundamental e médio é o de “Fornecer subsídios teóricos para a elaboração de métodos e técnicas de intervenção voltadas para o reconhecimento do direito à diversidade e diferença“.

Um dos módulos do curso trata do assunto “Representações sobre gênero e orientação sexual: ‘Mitos’ e ‘Verdades’“. É claro que o curso tem como objetivo promover a ideologia gayzista, servindo de fachada para o pleno exercício, em uma universidade católica, do ativismo homossexual. Trata-se de enfiar na cabeça dos professores, à força, para que depois eles enfiem na cabeça das crianças, sob o eufemismo “educação”, a noção de que o comportamento homossexual é natural e deve ser considerado legítimo - pior ainda: que todas as vozes dissonantes em relação a esse ponto de vista devem ser caladas e a oposição ao homossexualismo deve ser criminalizada. Isso está acontecendo em uma instituição universitária católica, que deveria estar promovendo os valores do evangelho, mas contribui para a realização da agenda dos movimentos ativistas homossexuais.

A Igreja acolhe o homossexual com caridade e amor, mas condena veementemente o homossexualismo. Legitimar esse modo de vida, gravíssimo pecado contra a castidade, é algo contrário aos princípios do Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, princípios esses que a PUC estará traindo ao promover esse infame curso. A promoção de um suposto “direito à diferença” significa “direito ao pecado”, algo inaceitável para a moral cristã.

O Grão-Chanceler da instituição, Dom Walmor Oliveira, está ciente sobre a realização deste cursto? Sua Excelência Reverendíssima percebe a gravidade do que está para ocorrer? O Reitor Dom Joaquim Giovani não está a par deste descalabro? Nossas insignes autoridades eclesiásticas não podem se omitir!

Então nós, católicos, temos que agüentar calados a doutrinação homossexual até mesmo em uma instituição católica, com a anuência de nossos pastores?

Para entrar em contato com a Arquidiocese de Belo Horizonte e manifestar seu desacordo com a promoção do homossexualismo em plena PUC Minas, envie seu email para o arcebispo Dom Walmor (arcebispobh@arquidiocesebh.org.br), para a PUC Minas (secretariageral@pucminas.br) e o Reitor Dom Joaquim Giovani (dommol@arquidiocesebh.org.br).

Fonte: Jornada Cristã

domingo, 26 de abril de 2009

FSSPX lança nova Cruzada do Rosário

Dom Fellay lança uma nova Cruzada do Rosário. Desta vez, pede-nos a generosa oferta de 12 milhões de rosários até dia 25 de Março de 2010 pela consagração da Rússia ao Coração Imaculado de Maria que, como sabemos, foi incorrectamente realizada por João Paulo II.

Nossa Senhora pediu em Fátima a consagração da Rússia ao Seu coração maternal. A gravíssima crise por que passamos é, primeiramente, espiritual. Se todos se deixassem de futilidades e coisas que para nada servem e fizessem o que a Mãe de Deus nos veio pedir, seguramente não estaríamos como estamos.

A Mãe fala aos pequeninos, aos humildes, aos simples de coração, aos que querem fazer a vontade de Deus.

Todos sabemos que Jesus só reinará nos corações e nas sociedades quando reinar a Sua Mãe, Maria Santíssima. Sabemos igualmente que o rosário é, por especial desígnio de bondade do Senhor, a mais poderosa e eficaz arma espiritual de combate às heresias e ao demónio. Então, o que esperamos? Mãos ao rosário!!!

Vamos ser generosos outra vez? Mais do que fomos nas duas anteriores cruzadas do rosário? Vamos ajudar o nosso superior geral na sua árdua tarefa?

Queridos irmãos da Tradição! Com pequenos sacrifícios quotidianos, com a aceitação alegre e voluntária dos sofrimentos que o Senhor se digne enviar-nos, com o cumprimento amoroso dos nossos deveres e com a imprescindível oração do rosário à nossa amada mãezinha do Céu, agradamos muito a Deus e podemos estar a contribuir, ainda que indirectamente, para o início do fim da crise.

Amemos muito Maria, nunca nos cansemos de propagar a sua mensagem, de espalhar os seus louvores.

E rezemos o Santíssimo Rosário com modéstia, atenção, devoção, amor e fervor!

domingo, 19 de abril de 2009

SANTO INÁCIO DE LOYOLA

J. M. S. Daurignac

SANTO INÁCIO DE LOYOLA

Fundador da Companhia de Jesus

PRIMEIRA PARTE

CORTESÃO E GUERREIRO

(1491 - 1522)

I. INFÂNCIA E JUVENTUDE

D. Beltrão Yánez de Onaz y Loyola, descendente duma das mais ilustres e das mais antigas famílias da Biscaia, havia esposado D. Marina Sáenz de Licona y Balda, que pertencia à mesma província e cujo nascimento e virtudes a tornavam digna desta nobre aliança.

Deus havia-lhe dado já sete filhos e três filhas quando Inácio veio ao mundo, pelos anos de 1491[1], no castelo de Loiola, artigo solar da família [2]. Sabendo que era mãe dum oitavo filho, D. Marina ergueu os olhos ao céu, e lançando-os em seguida para seu marido, disse-lhe:

- Deus queira que este querido filho tenha disposições menos belicosas que seus irmãos, e que possamos educa-lo e conserva-o a nosso lado.

- Oxalá, - respondeu Beltrão - que este tenha gosto pelo estudo.

- Deus o queira ! - repetiu a nobre castelã - mas não me acostumarei a essa idéia, porque tenho muitas vezes espetado em vão.

O filho predestinado foi baptizado na igreja de S. Sebastião, sua freguesia [3], em Azpeitia, e não levou muito tempo a demonstrar que sua mãe tivera razão em não confiar nas pacificas inclinações, que tanto desejava nele.

Desde os primeiros anos, Inácio mostrou-se mais vivo, mais turbulento, mais arrebatado ainda que seus irmãos; e, apesar das suas ratas qualidades de espirito e de coração, foi impossível acadimá-lo ao estudo. Não ouvindo falar senão de cercos e de assaltos, de batalhas e de vitórias, de altos feitos e de brilhantes renomes, cresceu com o desejo de cingir um dia uma espada e de se distinguir por sua vez em proezas guerreiras.

O duque de Nájera, que gozava de grande favor na corte e era próximo parente de D. Beltrão, tinha afeto paternal a Inácio. A natureza franca, o coração leal, a alma ardente e generosa deste menino tinham para ele os maiores encantos; até os seus arrebatamentos e a sua altivez precoce lhe não desagradavam.

- Bravo! rapaz, - lhe dizia algumas vezes - a historia militar de Espanha há-de registar um dia o teu nome.

- Ah! - murmurava docemente D. Marina - não repara, senhor duque, no coração da pobre mãe De todos os meus filhos, não terei a consolação de conservar nenhum junto de mim. O mais velho já está exposto a todos os perigos da guerra` - e os outros seguir-lhe-ão brevemente o exemplo.

- Compreendo a sua dor e solicitude - lhe dizia o duque; mas, em Espanha como em França, nobreza obriga.

D. Marina não chegou a experimentar a dor que tanto temia. Deus não tardou a chamá-la a Si, e Inácio foi confiado a sua tia, D. Maria de Guevara, que habitava Arévalo, perto de Avila, e que o educou como se fora seu filho. Alguns anos mais tarde, o duque de Najera, seu tio, grande de Espanha, fê-lo admitir na escola dos pajens do rei [4].

Fernando, o Católico, encantado com a sua graça, inteligência e beleza, testemunhou-lhe desde logo uma preferência, que le atraiu a dos cortesãos. A vaidade do belo pajem cresceu um pouco, mas dominando esta fraqueza a nobreza do meu coração e a delicadeza dos seus sentimentos, soube fazer-se amar de todos, até daqueles que o invejavam.

Terminada a sua educação, Inácio de Loiola não abandonou a corte. Ausentava-se de tempos a tempos para fazer os seus primeiros ensaios na carreira das armas sob a direção do duque de Najera, mas voltava após cada campanha e fixava a sua residência na corte. Um interesse do coração o atraía no palácio dos soberanos: Inácio rendia homenagens a uma princesa, de que a história nos oculta o nome, e não era repelido [5]. Mas a distância não podia ser transposta: Inácio não podia esperar uma aliança com uma princesa de sangue; limitava-se, por isso, a usar as suas cores e dar por vezes uma cutilada àqueles que ousavam falar da sua temeridade ou recusar à princesa a palma da formosura.

Entretanto Carlos V tinha sucedido a Fernando, o Católico; a guerra havia rebentado no exterior em alguns pontos ao mesmo tempo; e, no interior, as principais províncias de Espanha, ciosas da sua antiga independência, tentavam reconquistá-la com as armas na mão. Este estado de rebelião contínua exigia, em diversos lugares, a presença dum exército forte e aguerrido, dirigido por oficiais distintos e de experimentada fidelidade. O Duque de Nájera, D. António Manrique, comandava um desses corpos de exército.

Inácio continuava na corte, e, se se batia, era em duelo, todas as vezes que se lhe oferecia ocasião.

Um dia recebem-se no palácio notícias do exército de Nápoles e sabe-se que os filhos de Beltrão de Oñaz se distinguem com igual valor. Inácio envergonha-se da sua inação e pede ao duque de Nájera uma companhia de homens de armas, que ele se propõe conduzir à vitória. A sua ardente e poética, imaginação sonha com a glória de se assinalar também com esplendor e de voltar em seguida a depor aos pés da princesa, de que se constituiu cavaleiro, os louros colhidos no campo da honra. D. Antônio acede com alegria ao desejo do seu sobrinho, dá-lhe uma companhia no corpo que está sob suas ordens, e D. Inácio abandona a corte, prometendo não entrar lá de novo senão como vencedor. Tinha então vinte e seis anos.

Neste momento os castelhanos caiam sobre a Biscaia e acabavam de se apoderar de Nájera. D. Antônio Manrique marcha sobre aquela cidade e põe-lhe cerco; Inácio acompanha-o. Os sitiados defendem-se tão vigorosamente como são atacados; têm provisões consideráveis e receia-se que o cerco seja assaz longo. Inácio, que já tinha mostrado prodígios de coragem, de inteligência e de habilidade, fala aos seus soldados, excita-lhes o ardor, é o primeiro a subir ao assalto e toma a praça no meio dos aplausos do exército. Esta glória não lhe basta: a cidade é entregue à pilhagem, a mais rica parte do saque é para o jovem capitão, cuja valentia decidiu da vitória; o nosso herói recusa-a e abandona-a à sua companhia. Este duplo rasgo de desinteresse e de generosidade é acolhido por aclamações entusiásticas dos oficiais e dos soldados.

Inácio de Loiola era certamente sensível aos testemunhos de estima e admiração que recebia; mas somos forçados a confessar que, no meio deste triunfo, um pensamento o preocupava singularmente. Era compor uns versos destinados a oferecer aquela gloriosa vitória à princesa, cujas cores usava: assim o pediam os costumes da época e o uso da corte onde Inácio fora educado.

Depois da pacificação de Castela, Inácio voltou a Valência e achou a mais bela recompensa nos elogios que lhe fizeram nas felicitações que recebeu. Depois de longa permanência na sorte, abandonou-a de novo para se dirigir aonde a honra o chamava

Sendo D. Antônio Manrique, vice-rei de Navarra, obrigado a Ir tomar posse do seu governo, Inácio seguiu-o com uma parte dos seus homens de armas. Não levou muito tempo que um correio não viesse anunciar a D. Antônio que o Conde de España, André de Foix, marchava sobre a Espanha, à frente dum corpo de exército considerável.

O vice-rei dirigiu-se a toda a pressa à província de Castela pata procurar ali um reforço de tropas navarras, e deixou o comando das tropas de Pamplona a seu sobrinho, no momento em que os franceses desciam os Pirenéus para reconquistar a Navarra espanhola em nome de Henrique de Albret.

domingo, 12 de abril de 2009

Sermão na Madrugada da Ressurreição*

Pe Antônio Vieira

Surrexit, non est hic, Marc. XVI.

I

Melhor é sempre Deus que quem o busca, ainda quando parece que falta ao que tem prometido. Tem prometido Deus que todos os que de madrugada o buscarem o acharão: Qui mane vigilant ad me, invenient me, e madrugando esta manhã as três Marias, prevenidas de preciosos unguentos para ungir o sagrado corpo que tinham acompanhado à sepultura, foram tão venturosas que o não acharam. Assim não cumpre Deus sua palavra, não porque falta, mas porque excede o que promete. Não acharam o que buscavam, mas acharam o que nem a buscar, nem a desejar, nem a imaginar se atreviam. Era ainda a madrugada tão escura, que mais se mostrava coberta de trevas, que de sombras: Cum adhuc tenebrae essent, e entrando no santo sepulcro as primeiras três romeiras dele, dentro lhes apareceu ou amanheceu um anjo, o qual vestido de branco, parecia a alva, e coroado de raios, o Sol:

Erat autem aspectus ejus sicut fulgur, et vestimentum ejus sicut nix. Esta é a gala dos anjos nos dias de grande festa, e este anjo foi o que lançou fora da porta a grande pedra que cerrava a sepultura, o que fez tremer a terra, o que derrubou amortecidas as guardas, e o que pôs em fugida os presídios de Pilatos. Não falaram palavra as Marias, assombradas do que viam; e o anjo depois de as animar, lhes disse nas palavras que propus, que Jesus Nazareno crucificado, a quem buscavam, ressuscitara, e não estava ali: Surrexit, non est hic.

Mas se não estava ali, aonde estava? A resposta desta pergunta será a matéria do sermão tão breve, como costuma ser, e é bem seja nesta hora: Ave Maria.

In Vol. 2, tomo V, pregado em Belém do Grão-Pará, s. d.

sexta-feira, 10 de abril de 2009

A cruz de Cristo, nossa salvação


Padre Elílio de Faria Matos Júnior

Hoje é Sexta-feira Santa, dia em que a Santa Igreja comemora (commemorat) a paixão e morte de Nosso Senhor. A meditação piedosa desse evento ao mesmo tempo doloroso e salvador é de grande proveito para o progresso da vida espiritual.

Santo Tomás ensina que na imagem do Crucificado está presente, como num compêndio, todo um programa de vida espiritual: “Quem quiser viver perfeitamente não deve fazer outra coisa senão desprezar o que Cristo desprezou na cruz, e desejar o que nela Ele desejou. Nenhum exemplo de virtude está ausente da cruz” (In Symbolum Apostolorum expositio, art. 4). De fato, na cruz de Cristo vemos a caridade suprema, a paciência confiante, a obediência resoluta... Virtudes essas pelas quais Cristo cancela o pecado do homem, que consiste exatamente no movimento inverso à caridade, à paciência, à obediência...

Sim; na cruz Cristo não apenas nos deu um grande exemplo de virtude, mas também cancelou o pecado do homem, de modo que este pudesse ver-se justificado pela graça que vem de Cristo mediante a fé. A obediência de Cristo desfez o nó da desobediência de Adão e “assim, o homem, pela justiça de Cristo, foi libertado” (Santo Tomás, Summa theologiae, III, q. 46, a. 1).

Embora Deus pudesse ter-se valido de outros meios para nos justificar, ou mesmo pudesse simplesmente ter-nos concedido o perdão sem mais, quis, no entanto, que fôssemos libertados do pecado mediante a cruz de Cristo. Não que Deus tenha organizado a paixão e a morte do Filho induzindo os homens a entregá-lo para ser crucificado, mas no sentido de que, tendo sido realizadas contra Deus as ações que levaram o Inocente ao patíbulo, por intermédio de sua “permissão”, tais ações foram subordinadas por Deus à salvação dos homens, contra todas as intenções de seus autores.

A nossa justificação pela cruz mostra-se conveniente de diversos modos. Além do exemplo que Cristo nos Deus na cruz, incitando-nos a desprezar o pecado e a amar a virtude, o evento do Calvário soube unir de modo admirável a justiça e a misericórdia divinas no esplendor do amor. O Papa Bento XVI fala de um “virar-se de Deus contra si mesmo, com o qual ele se entrega para levantar o homem e salvá-lo" (Encíclica Deus caritas est, 12). Esta curiosa expressão do Papa - virar-se de Deus contra si mesmo - quer significar que tanto a justiça quanto a misericórdia de Deus foram harmonizadas de modo admirável na cruz. Pela justiça, o homem devia satifazer a Deus por causa do pecado. Mas pela misericórdia, convinha que Deus o perdoasse. Aconteceu, pois, que foi o próprio Deus que realizou essa satisfação pelo homem, para o homem e como homem, em Jesus Cristo, já que o homem sozinho não teria força para realizá-la. Deus como que se virou contra si mesmo.

E, assim, a justiça de Deus não foi negligenciada, e sua misericórdia se mostrou de forma extraordinária. Desse modo, pela cruz, o amor de Deus pelo homem se manifestou com muito mais evidência e poder do que se teria manifestado se Deus simplesmente lhe tivesse perdoado sem mais (cf. Santo Tomás, Summa theologiae, III, q. 46, a. 1, ad tertium).

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Jornal Francês faz insulto vil a Nosso Senhor Jesus Cristo e ao Papa

 


Reaja agora mesmo contra a blasfêmia do Le Monde
O jornal francês "Le Monde" publicou uma charge ultrajante que retrata Nosso Senhor numa barca distribuindo preservativos.
O título do desenho blásfemo diz:
"Após a multiplicação dos pães, a multiplicação dos preservativos"
A charge ainda ataca o Papa, retratando-o como um velho decrépito, usando uma expressão que corresponderia ao: "Vale tudo..." (Você pode ver a caricatura aqui, mas advertimos que é extremamente ofensiva)
Você, católico, não pode aceitar esse tipo de insulto!

A defesa de Nosso Senhor e do Papado não tem fronteiras!
Por isso, pedimos a todos que estão lendo essa matéria, e que não admitem que o Santo Nome de Deus seja vilipendiado dessa forma, que protestem imediatamente e energicamente enviando um e-mail ao jornal Le Monde.

Para enviar seu protesto imediatamente clique aqui.

Se preferir enviar um e-mail pessoal ao Le Monde, o endereço eletronico é:
mediateur@lemonde.fr

Você pode escrever no idioma que quiser. O Le Monde tem tradutores e essa mensagem chegará aos responsáveis por essa blasfêmia. Mas, seja qual for sua opção, é vital que você envie a mensagem imediatamente. A honra de Nosso Senhor e do Papado não podem ser ignorados pelos filhos da Santa Igreja.

Milhares de católicos americanos e europeus já protestaram junto ao Le Monde. Outros países latino-americanos estão se mobilizando também. É muito importante que todos se unam para levantar uma grande onda de indignação que impeça o Le Monde de repetir tal barbaridade.

Os católicos brasileiros não podem ficar de fora dessa manifestação de amor, fé e fidelidade a Deus, ao Papado e a moral católica.
Faça agora mesmo o seu Protesto.
Ou envie sua mensagem ao Le Monde por e-mail: mediateur@lemonde.fr
Envie esta matéria para todos os católicos que você conhece.

Que Deus e Nossa Senhora de Fátima o abençoe!

Associação Devotos de Fátima

www.devotosdefatima.org.br

PS - Segue abaixo uma sugestão de mensagem ao Le Monde caso você queira enviá-la de seu e-mail pessoal. Se você está sem tempo, clique aqui para protestar imediatamente e facilmente. Lembre-se: os jornais europeus não fazem qualquer crítica a Maomé por causa da reação dos muçulmanos. Eles precisam saber que nós católicos não admitimos também que se zombe de nossa Fé.

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Ao Le Monde:
Como católico brasileiro, fiquei profundamente chocado, indignado e triste ao saber que seu jornal publicou uma caricatura sacrílega mostrando Nosso Senhor Jesus Cristo, numa distribuição infâme de preservativos, colocando também palavras inaceitáveis nos sagrados lábios do Santo Padre.

Sou filho da Santa Igreja, sou católico, e não posso me omitir nessa hora em que agridem tão infamemente Nosso Senhor, o Papa e moralidade católica, através de uma charge blasfema.
Exijo que o jornal peça desculpas a todos os católicos e se comprometa a nunca mais publicar material ofensivo a Fé, especialmente dos países de Civilização Cristã.
Rezo para que os promotores dessa infâmia reconheçam o pecado cometido, arrependam-se e se convertam. Pelo bem de suas almas e pelo bem de seu país, a França.

Fonte: Fátima em foco

terça-feira, 31 de março de 2009

O exorcismo de Emily Rose: O que é exorcismo?

 

1. Ficha técnica: Ano de lançamento [2005/EUA]. Diretor [Scott Derrickson]. Elenco [Laura Linney/Tom Wilkinson/Campbell Scott]. Roteiro [Scott Derrickson/Paul Harris Boardman]. Distribuidora [Columbia Pictures].

2. Sinopse: Baseado em fatos reais, "O Exorcismo de Emily Rose" é uma combinação dos gêneros terror/exorcismo e drama judicial. No filme, a protagonista Laura Linney interpreta o papel de uma advogada que defende um padre (Tom Wilkinson) acusado por uma sessão de exorcismo realizada em uma adolescente chamada Emily Rose que, segundo ele, havia sido possuída pelo demônio.
3. Fatos: Emily Rose é o nome fictício para a colegial alemã Anneliese Michel, que nasceu no dia 21 de Setembro de 1952 na cidade de Leiblfing, na Bavária e morreu no dia 1 de Julho de 1976, em Main. Sofreu graves perturbações por muitos anos. Chegou a ser internada em Clínica psiquiátrica, submetida a tratamento para epilepsia de 1968 a 1972, não tendo obtido resultado algum. Depois de muitos anos de sofrimento os pais acreditavam realmente que Anneliese estava possuída pelo demônio e pediram ajuda à Diocese de Wuerzburger. A Igreja reconheceu o caso como legítimo e os responsáveis pelo exorcismo foram os padres Ernst Alt e Arnold Renz. A partir de 1973, já há muito debilitada pelos sucessivos tratamentos psiquiátricos, Anneliese profundamente desidratada e padecendo de inanição, sofreu parada respiratória e cardiovascular durante uma sessão de exosrcismo, onde a jovem veio a falecer. Sua morte é tida até hoje como um mistério. O caso é conhecido como "o caso Klingenberg".

4. Exorcismo: O Catecismo da Igreja Católica [N° 1673] assim se expressa: "Quando a Igreja exige publicamente e com autoridade, em nome de Jesus Cristo, que uma pessoa ou objeto seja protegido contra a influência do maligno e subtraído a seu domínio, fala-se de exorcismo. Jesus o praticou [Mc 1, 25-26], é dele que a Igreja recebeu o poder e o encargo de exorcizar [Mc 3, 15]. Sob uma forma simples, o exorcismo é praticado durante o Batismo. O exorcismo solene, chamado 'grande exorcismo', só pode ser praticado por um sacerdote, com a permissão do bispo. Nele é necessário proceder com prudência, observando estritamente as regras estabelecidas pela Igreja [Código de Direito Canônico, cân. 1172]. O exorcismo visa expulsar os demônios ou livrar da influência demoníaca, e isto pela autoridade espiritual que Jesus confiou à sua Igreja. Bem diferente é o caso de doenças, sobretudo psíquicas, cujo tratamento depende da ciência médica. É importante, pois, verificar antes de celebrar o exorcismo se se trata de uma presença do maligno ou de uma doença".

5. Demônio: O demônio existe e dele dão testemunhos o Antigo e o Novo Testamento. O Magistério da Igreja e os Ensinamentos Conciliares exortam a confiança em Deus ante sua atuação. São Tomás de Aquino dedicou-se profundamente [Suma Teológica, I, q. 50-64] ao estudo da natureza e da atuação dos anjos, tendo por este motivo recebido o título de Doutor Angélico. Se por um lado, temos uma nova Teologia que prega um ceticismo injustificável, afastando-se cada vez mais da crença não só no demônio, mas na existência dos anjos, por outro lado temos certas teologias que pregam e exploram uma credulidade exagerada, onde em toda dor e sofrimento humano identifica e proclama atividades demoníacas. Estas duas posturas são extremas, viciosas, favoráveis à própria atuação demoníaca, cuja maior façanha é fazer-nos crer que ele não existe. Ambas posturas não são condizentes com a fé do cristão coerente, assíduo na palavra que não depõe contra o bom senso e a ciência. A virtude é excelência para o discernimento e coerência na fé. Embora sejam poucos os casos de possessão reconhecidos pela Igreja Católica, não significa que não hajam.

6. Conclusão: Podemos atestar dois tipos de atividades diabólicas: a ordinária, a tentação e a extraordinária, a infestação local [sons, barulhos, gritos e gemidos de natureza desconhecidas, movimento de objetos, odores etc], infestação pessoal [aparições sedutoras ou assuatadores, sugestões sensíveis e imaginativas, mas nada que afete a consciência, o entendimento e o arbítrio] e a possessão [presença atual no corpo com o tormento do espírito humano]. A possessão é atividade diabólica extraordinária em duplo sentido: por ser muito rara e por ser de ordem sobrenatural. O diagnóstico é prudente e passa por uma análise psiquiátrica, parapsicológica, médica, para, assim, se for confirmado, passar para uma terapia curativa: o exorcismo. Há sintomas comuns entre as fenomenologias psiquiátricas e parapsicológicas, o que as diferenciam da atividade diabólica extraordinária são: aversão ao sagrado, falar línguas estranhas, proferir blasfêmias e reagir ao nome de Jesus Cristo etc. Mais importante é a prevenção da presença e da atuação diabólica em nossas vidas, pelas assim denominadas 'terapias preventivas', como a confissão, a comunhão, o sinal da cruz, meditação acerca da vida de Jesus, os sacramentais, objetos bentos, relíquias, ou seja, levar uma vida cristã coerente e digna.

Fonte: Aquinate

quarta-feira, 25 de março de 2009

Dois amores, duas cidades: A reforma

Nota: Trazemos a nossos leitores o Capítulo III (A reforma), do livro “Dois amores, duas cidades”, do grande Gustavo Corção.  Tenham uma boa leitura.

Lutero, o protótipo dos tempos modernos

1. Um dos fatos que mais brutalmente marcou o século XVI, e depois tôda a moderna civilização, foi sem dúvida a desobediência de Lutero. E o que que pretendemos mostrar neste capítulo é que a Reforma pro­testante se inscreve na mesma corrente, na mesma descarga espiritual que produziu a Renascença.

À primeira vista parece que o luteranismo, surgido histo­ricamente em reação ao sibaritismo que imperava em Roma, tem de ser compreendido como um fenómeno de inspiração contrária à eclosão renascentista. Lembrando a oposição que se levantou entre Lutero e Erasmo, confirmava-se a ideia de um radical antagonismo entre Lutero e o espírito renascentista. Lutero seria um reacionário, uma alma contrária ao vento da nova era. E foi nessa lamentável méprise que caiu o histo­riador.

Henri Pirenne: "Pode-se dizer que a Renascença armou a seu modo o problema religioso. Mas não fez mais do que esboçar a solução moderna, prudente e aristocrática que preparava para ele. A Reforma se atravessou no caminho com ímpeto, violência, intolerância, mas também com a fé profunda e a necessidade apaixonada de chegar a Deus e à salvação, com que havia de conquistar e subjugar tan­tas almas. Entre a Reforma e a Renascença, nada de co­mum. A bem dizer se opõem. A Reforma recoloca o cristão no lugar do homem, escarnece da razão, humilha-a, mesmo quando afasta e condena o dogmatismo. Lutero é muito mais aparentado com os místicos da Ida­de Média do que com os humanistas seus contemporâ­neos." (Histoire de 1'Europe, Alcan, 1936, pág. 394.)

É difícil encontrar em página de historiador sério uma passagem com maior número de disparates. Vítima do precon­ceito agnóstico, o autor vê uma oposição superficial e parece esquecer-se de que há inúmeros pares em que uma concordância profunda se manifesta com discordâncias epidérmicas. Haverá entre a Reforma e a Renascença todas as diferenças que quise­rem esmiuçar: debaixo delas está o Individualismo, traço comum, marca essencial dos dois movimentos.

O tom apaixonado de Lutero, para Henri Pirenne, se parece com o de Savonarola, ou com o tom apaixonado de São Vicente Ferrer a puxar filas de flagelantes pelo caminho da Europa, no crepúsculo da Idade Média. Conclui então que Lutero é um medieval! Mas se escarnece e humilha a razão, mais do que nunca se afirma um moderno, que nos intervalos do cientificismo é cético para a metafísica e para a teologia. Também não é bem fundada a afirmação de que a Reforma recoloca o cristão no lugar do homem. Evidencia-se aqui o embaraço em que fica o historiador desse período quando não sabe muito bem o que é um cristão, e talvez não saiba exatamente o que é um homem. Ao contrário disso, e apesar de algumas aparências, Lutero trouxe em sua reforma violentamente antinômica um reforço para o antropocentrismo da nova civilização. Separando total­mente a fé das obras, a ordem da graça da ordem da natu­reza, Lutero deixava o homem no mundo entregue aos critérios do mundo. "Peca fortemente e crê fortemente!" Tratando o mundo com pessimismo e desprezo, enquanto religioso, não se opunha a um otimismo temporal, antes o alimentava. Na teo­logia da graça, Lutero foi um "exteriorista", quase diríamos um barroco, porque para ele o princípio divino, em vez de ser o remédio penetrante, curativo, transformante, que abre as portas do mais íntimo de nosso íntimo para habitação da Trindade, era uma proteção exterior, uma espécie de cobertura divina da irremediável podridão humana. Na teologia da justiça pela Fé, de tal modo a separa das obras, por ele desprezadas, que aca­ba tangenciando a doutrina de Pelágio que superestima as obras humanas na economia da salvação.

Onde, porém, se encontram a Reforma e a Renascença co­mo dois galhos da mesma cepa é na maneira de conceber o homem, isto é, no Individualismo. Para Jacques Maritain isto é tão claro, e tão fundamental, que não hesitou em dar ao estudo feito em Trois Rejormateurs o título: Luther ou l'ave-nement du Mói; na epígrafe colhida em Fichte acrescenta este título ao reformador: Lê prototype de ages modernes.

Nesse admirável estudo, o autor nos mostra o drama espi­ritual de Lutero, que consistia precisamente num transbordamento da sensibilidade, por onde se vê mais uma vez o traço característico do homem do século XVI.

Jacques Maritain: "Ele parece ter procurado antes de tudo, na vida espiritual, o que os autores chamam consolações sensíveis, e se haver apegado apaixonadamente a esse gosto experimental da piedade, a esses confortos que Deus envia às almas para atraí-las, mas que também retira quan­do quer, e que não passam de meios. Para Lutero, ao contrário, o que importa antes de tudo é sentir-se em es­tado de graça (...) Uma veemente nostalgia mística, numa alma agitada e carnal, destorcendo todas as lições dos espirituais, transformava-se assim num apetite brutal de saborear a própria santidade." (Trois Réformateurs, Plon, 1925, pág. 8.)

"O que logo impressiona na fisionomia de Lutero é o egocentrismo: algo muito mais sutil, mais profundo e mais grave do que o egoísmo. Um egoísmo metafísico. O eu de Lutero torna-se praticamente o centro de gravitação de to­das as coisas, sobretudo na ordem espiritual: e o eu de Lutero não é só as querelas e paixões de um dia: ele tem um valor representativo, é o eu da criatura, o fundo incomunicável do indivíduo humano. A Reforma tirou os freios do eu humano na ordem espiritual e religiosa; a Renascença (quero dizer o espírito que animava a Renas­cença) tirou os freios do eu humano na ordem das ati-vidades naturais e sensíveis." (Op. cit. págs. 19 e 20.)

Aliás, é nesse estudo admirável, de proveitosíssima leitura para a compreensão de muito fenómeno contemporâneo, que Jacques Maritain desenvolve a famosa distinção entre o indivíduo e a pessoa a que já nos referimos. Essa distinção capi­tal é, de certo modo, paralela à que fizemos aqui entre amor-de-si-mesmo e amor-próprio, e a outra entre Homem-Interior e Homem-Exterior. Referem-se todas as perspectivas de visada e de valorização do homem, e pode-se dizer sem receio de exa­gero que o drama do mundo contemporâneo vem da confusão, da indistinção, da troca de perspectivas, não apenas nos tratados de filosofia e nos recintos académicos, mas na vida mesma das sociedades, e no sangue da civilização, até os vasos capilares.

Maritain: "O que é afinal o Individualismo moderno? Um engano, um qui pró quo: a exaltação da individualidade ca­muflada em personalidade, e o correlato aviltamento da verdadeira personalidade." (Pag. 29.)

A história de Lutero, como a de Jean Jacques Rousseau, é uma ilustração exata e cruel dessa doutrina. Nesse sentido, ao contrário do que diz Henri Pirenne, Lutero é um dos homens mais representativos da Renascença; e mais, é um dos homens que mais influíram no fenómeno da indiferença intelectual e moral que se revestirá com a denominação de "liberalismo". Sua constituição psíquica tornava-o um vibrátil detector das ondas de ressentimento desencadeadas no fim da Idade Média e ensinadas pelo nominalismo florescente. Foi um ressonador, talvez semiconsciente, um tipo de homem representativo-nega-tivo, mais receptor do que transmissor, como mais tarde Adolf Hitler. Porta-voz de melindrados, intérprete de amargores, reali­zou mais uma vez o paradoxo do zelo de amor-próprio tão en-contradiço nas vésperas das apostasias: o mesmo zelador que apresenta, nervoso e intolerante, em defesa da pureza da Igreja, bruscamente abandona a mesma Igreja que dizia defender.

Foi um superficial no sentido mais ontológico e trágico do termo — sim trágico, por exprimir aquele outro paradoxo do amor-próprio ferido: o eu em torno do qual o egocentrismo se move não é um eu verdadeiro, nem um verdadeiro centro, é antes a projeção, a exteriorização ou a inflação que a desordem do amor-próprio produz.

Os alemães protestantes, diz ainda Maritain, pedem que ad­miremos a grandeza de Lutero. Grandeza infra-humana, elemen­tar, como as que chamamos de "força da natureza"; mas não grandeza humana propriamente dita.

O Nominalismo de Lutero

2 . Uma tal pletora de sensibilidade ha-de via de se traduzir necessariamente numa atitude antiintelectualista, no que se en­contrava, mais uma vez, com a tendência da época. Sob esse ponto de vista, e apesar das enormes dife­renças tanto nas consequências como nas motivações profun­das, Lutero respirava o mesmo ar em que viviam Erasmo e Tomás Morus, que com toda sua imensa generosidade e seu santo heroísmo não escapou da moda nominalista e da depres­são filosófica.

A reação antidoutrinária, antifilosófica de Lutero toma proporções monstruosas. "Aristóteles é o baluarte ímpio dos pa-pistas", "se ele (Aristóteles!) não tivesse existido em carne e osso eu não teria nenhum escrúpulo de o considerar um diabo". Mas é da própria razão que Lutero diz os mais violentos hor­rores:

Lutero: "a razão é a maior p. . . do diabo; por sua natureza e sua maneira de ser, ela é uma p. . . nociva; é uma pros­tituta, a p ... principal do diabo, uma p ... roída de es­crúpulos e lepra, que devíamos esmagar com os pés, ela e sua sabedoria ... ... Ela é e deve ser afogada no batismo . . . ela merecia, a abominável, ser relegada aos mais sujos lugares da casa, às latrinas."

Essas passagens que transcrevemos com desgosto estão nas páginas 43, 46 e 47 do livro citado de Maritain, onde o leitor encontrará as referências precisas das fontes.

É preciso não esquecer que Lutero era nominalista por for­mação, e nominalista por índole; coisa que felizmente não passou despercebida do autor do Século XVI e XVII da História Geral da P.U.F.

Roland Mousnier: "Lutero, Calvino e todos os reformadores foram nominalistas. O dogma católico se interpreta muito bem em termo de realismo, e muito mal em termos de nominalismo. Tomemos por exemplo a Encarnação. Para os realistas, o Verbo que se encarnou em Jesus, não assu­miu os defeitos, os vícios, as fraquezas, as corrupções do homem. Ele se fez Homem. Uniu-se ao Arquétipo ideal do Homem. Mas para os nominalistas não há arquétipos. O "homem" é um nome cômodo que serve para designar os indivíduos aliás diferentes de uma coleção. Deus se tornar homem é assim incompreensível." (Op. cit. pág. 71.)

Devemos ressalvar algumas imprecisões filosóficas do vo­cabulário do autor supracitado. Ele se exprime como platónico. Para o realista de formação aristotélico-tomista não é em termos de uma união com o Arquétipo ideal que se formula a Encar­nação, e sim de uma união com a natureza humana, realmente existente em cada indivíduo humano. Também devemos notar que "incompreensível" no sentido próprio de realidade excessi­va, ou misteriosa, que a razão não logra abranger e esgotar, é também para nós o dogma da Encarnação. Por isso preferiría­mos no texto acima usar o termo "cognoscível", "pensável" ou "inteligível", em vez de "compreensível". Feitos esses reparos devemos reconhecer neste volume (Lês XVI et XVII Siècles) da Histoire Générale dês Civilizations da P.U.F. um discerni­mento filosófico que nem sempre se encontra nos outros volu­mes, e que não encontramos em Pirenne.

Otimismo e pessimismo

3. Não pretendemos, nos exíguos limites deste capítulo, desenvolver um es­tudo sobre Lutero. Queremos apenas apontar alguns traços seus e de suas obras que nos ajudem a compreender o fenómeno mais amplo e confuso que se processou nos séculos XV e XVI. E um desses traços é o "pessimismo" profundo e radical que até agora só encontráramos no maniqueísmo. Já dissemos atrás que para Lutero, por força de seu nominalismo e de seu sensualismo, a graça santificante não restaura na alma a justiça afetada ou destruída pelo pecado; não penetra, não cura, não transforma, mas apenas cobre. Debaixo dessa cobertura divina o homem continua incurável. Ora, a respeito da relação dos sexos e do matrimónio o seu pessimismo se formula com a brutalidade e a simplicidade que nos lembra os albigenses. Para Lutero, o dever conjugal jamais se realiza sem pecado (Weim. X, P.II, 304, 6, 1522) que "Deus cobre para que possa haver pessoas casadas" (opp. exeg. lat. IV. 10). Mais tarde, em 1538 (Weim XLII, 582, 29. 31) dirá mais nitidamente:

Lutero: "A palavra de Deus: crescei e multiplicai- vos, não é um preceito; mais do que preceito é obra divina à qual não podemos nos subtrair ainda que o quiséssemos; ela é tão necessária para mim como ser um homem, e mais ne­cessária do que comer, beber, ir à latrina, escarrar, dormir e acordar."

E por aí além. Ao mesmo tempo Lutero naturaliza e libera as relações sexuais que não podemos evitar, e as torna estranhas ao universo da graça e da santidade. E o pobre amor humano, legítimo ou culpado (a diferença terá de ser encontrada nos cos­tumes e nas leis da cidade) transcorre todo no sombrio mundo da culpa essencial, da malignidade intrínseca, com o consolo da extrínseca cobertura ou tolerância de Deus.

Com este exemplo, e outros, vemos na Reforma um feitio complementar que vem suprir o que faltava no feitio da Re­nascença. O pessimismo de Wittenberg se articula bem com o otimismo de Florença, formando um conjugado de forças com o mesmo resultado: o imanentismo, a integração do Homem no Mundo, e a Autonomia absoluta para aí fazer, desde que logre o poder físico, o que lhe parecer consentâneo. Na continuação do processo de laicização e mundanização, o Protestantismo, co­mo um todo inorgânico, se decomporá em mil e tantas seitas, e perderá o que pudesse ter de conteúdo religioso: será o mais adaptado simulacro de religião para uma sociedade liberal. Diremos isto sem nenhum desejo de ajuizar da lealdade e da sinceridade das pessoas que praticam (acreditamos que muitas o pratiquem santamente pela força e pela infinita liberdade da misericórdia divina) essa espécie da aspiração ao cristianismo real. Receamos porém que aquela lealdade e aquela sinceridade, sendo as virtudes máximas dessa atmosfera religiosa, signifiquem que, nelas, o Homem tomou o lugar de Deus, a livre interpre­tação substituiu-se ao Magistério da Igreja, e o juízo próprio superpôs-se à humildade e à submissão de caridade.

Por seu lado, a cultura também produziu antinomias seme­lhantes nos quatro séculos de Civilização Moderna. Até Rous-seau ainda se fala em otimismo e em santidade natural. Mas à medida que se aproxima o crepúsculo os homens começam a duvidar da razão e da natureza. Quando chegamos em Freud verificamos que a reviravolta foi completa como a rotação que transforma o dia em noite: o homem que nascia naturalmente bom, nasce agora naturalmente perverso.

Fonte: Gustavo Corção,

Dois Amores, duas Cidades,

Capítulo III; “A Reforma”, 

Agir 1967.

domingo, 22 de março de 2009

Idade das Trevas?

De : José Carlos
bairro: Serra


Padre Cândido, é com muito pesar que venho por meio desta fazer uma reclamação e até mesmo um desabafo.
Fico triste em ver padres e até mesmo bispos serem os primeiros a criticarem o glorioso passado da verdadeira Igreja fundada por Nosso Senhor Jesus Cristo. Leigos e inimigos declarados da Igreja Católica é até perdoável e compreensível, mas membros da hierarquia fazendo o mesmo?
Um exemplo é o senhor mesmo, com ar de deboche e tom de desprezo ao se referir à Igreja medieval.
Qual o problema com a idade média? Será porque durante 1000 anos a Igreja salvou a Europa do paganismo e da barbárie na qual ela está novamente mergulhada? Será porque ela construiu as lindas catedrais e não as horrorosas do Oscar Niemeyer? Ou construiu asilos, hospitais, escolas e universidades como as de Bolonha, Oxford, Salamanca, Sorbone, La Sapienza, Cambridge, etc? Só para se ter uma idéia, do ano de 1100 até 1500 foram fundadas pela igreja 75 universidades. Isto sem falar nas centenas de santos canonizados que viveram durante a idade média e que, além disto, eram considerados gênios, tais como S. Tomás de Aquino, São Boaventura, Santo Anselmo, Santo Alberto Magno, Sto. Agostinho. O que existe hoje nas escolas ditas católicas, como por ex. as PUCs, as quais deveriam ser chamadas Pontifícias Universidades Comunistas, onde os alunos, quando não saem de lá socialistas, ficam menos católicos do que quando entraram?
Talvez o senhor esteja criticando a Igreja Católica na idade média pelas cruzadas e pela Santa Inquisição, mas se não fossem elas o mundo já teria caído ou nas garras dos muçumanos, dos protestantes ou dos pagãos. O senhor viaja à Europa todo ano, e pode nos contar melhor do que eu a situação da Europa atual. A Inquisição era violenta? Mais do que a inquisição protestante, a qual não dava direito de defesa ao acusado? E as dezenas de decapitações diárias durante a fase do grande terror da revolução francesa? E os genocidios do nazismo e do comunismo, por cuja causa, por ex., só na Ucrânia foram mortos de 6 a 9 milhões de fome e na Rússia Stalin massacrou mais de 50 milhões?
Por amor a Cristo e a sua Igreja, por favor, padre Cândido, pare de considerar a idade média como a idade das trevas, pare de criticar um verdadeiro Bispo como Dom José Sobrinho e ficar apoiando médicos assassinos que de uma forma ou de outra estão ligados ideologicamente ao socialista PT, e este por sua vez na área da saúde é financiado pela ONU abortista.
Largue o LIBERALISMO aprendido nos seminários MODERNISTAS. Pois, como dizia o grande Papa São Pio X, os inimigos não se encontram mais fora da Igreja e sim dentro dela, e o modernismo é a sintese de todas as heresias.

P.S: O senhor pode até ser elogiado pela maioria, mas um católico assim como Jesus Cristo nunca será unanimidade; sempre será criticado e perseguido pelo mundo. Assim a história do cristianismo nos mostra, e esta perseguição, querendo ou não, é um ponto de referência para sabermos se o discípulo anda nas pegadas do mestre, pois este sempre foi perseguido, caluniado e criticado. Siga também o exemplo de Bento XVI, que, assim como Jesus e o Bispo nordestino, está sendo massacrado pela mídia maçônica.

quinta-feira, 19 de março de 2009

QUE FAZER?

Uma das notas características do novo espírito é a da tolerância erigida em máxima virtude, e o correlato horror por qualquer espécie de luta ou combate. Gustavo Corção

Lutar. Combater. Clamar. Guerrear. Mas lutar sa­bendo que lutamos não somente contra a carne e o mun­do, mas contra o principado das trevas. É preciso gritar por cima dos telhados que, se o cristianismo se diluir, se a Igreja tiver ainda menos visível o ouro de sua santa visibilidade, se seu brilho se empanar pela estupidez de seus levitas, o mundo se tornará por um milénio espanto­samente, inacreditavelmente, inimaginavelmente estúpi­do e cruel.

Roguemos pois a Deus. com todas as forças: desfaçamo-nos em lágrimas de rogo e gritemos a súplica que nos estala o coração: enviai-nos Senhor, ainda este século, um reforço de grandes santos, de grandes soldá^ dos que queiram dar a vida. no sangue ou na mortifica­ção de cada dia. pela honra e glória de Nosso Senhor Jesus Cristo. Compadecei-vos, Senhor, de nossa extre­ma miséria, e sacudi os homens para que eles saibam quem é o Senhor!

É preciso lutar; e sobretudo não desanimar quando nos disserem que o inimigo cerca a Cidade de Deus com cavalos e carros de combate. Ouçamos Eliseu: "Não tenhais medo porque os que estão conosco são muito mais fortes do que os que estão contra nós". E elevando a voz Eliseu clamou: "Senhor, abri-lhes os olhos para que eles vejam. E abrindo-lhes os olhos o Senhor eles viram, em torno de Eliseu, a montanha coberta com cavalos de guerra e carros de fogo." (II Reis, VI, 16-17)

E para bem encerrar estas páginas tão sofridas, ou­çamos depois do Profeta a voz do grande santo Papa que pusemos no frontispício desta obra. Ouçamos a voz de São Pio X, que desde o princípio deste século de desesperança clamou para despertar as indiferenças, quebrar os orgulhos e pelo santo temor preparar o cami­nho da Salvação:

"Qual seja o desenlace desse combate contra DEUS empreendido por fracos mortais, nenhum espírito sensa­to poderá duvidar. É certamente fácil, para o homem que quer abusar da liberdade, violar os direitos e a autorida­de suprema do Criador; mas ao Criador caberá sempre a vitória. Digamos mais; a derrota se aproxima do ho­mem justamente quando mais audaciosamente se ergue certo do triunfo. E é disto que Deus mesmo nos adverte: 'Ele fecha os olhos para os pecados dos homens' (1)como que esquecido de seu poder e de sua majestade, mas logo depois desse aparente recuo, 'despertando como um homem cuja força a embriaguez aumentara' (2), ele esmagará a cabeça de seus inimigos (3), a fim de que to­dos saibam "que o Rei da terra inteira, é Deus' (4) e que 'os povos compreendam que não são senão homens'.

(5)"

Gustavo Corção

(1) Sab. 11,24

(2) Sl. 78,65

(3) Sl. 67,22

(4) Sl. 46,8

(5) Sl. 9,21

(6) Enc. E Supremi Apostolatus

Fonte: Jornal Sim Sim Não Não, Ano XV nº 161, Julho-Agosto,2008 (Suplemento em lembrança dos 30 anos de falecimento de Gustavo Corção)

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