segunda-feira, 22 de junho de 2009

O terceiro segredo de Fátima, começa a ser revelado…

Veja também: Uma Nova Fatima para a Nova Igreja
A Cruzada de Fátima N.º 75

A profanação de Fátima

Artigo baseado numa palestra recentemente proferida pelo
Father Paul Kramer, B.Ph., S.T.B., M. Div., S.T.L. (Cand.)


     A Liturgia da Igreja comemora a dedicação da Basílica de S. João de Latrão, a catedral do sucessor do Apóstolo S. Pedro, e da Basílica de S. Pedro, no Vaticano, onde está o túmulo de S. Pedro, o primeiro Vigário de Jesus Cristo. Estes monumentos são uma lembrança visível da promessa que Nosso Senhor fez pessoalmente a S. Pedro: a de que as “portas do inferno” não prevaleceriam contra a Igreja. É por isso que a Igreja Católica é infalível (ou seja, não pode errar) e da mesma maneira é indefectível, o que quer dizer que nunca pode afastar-se das verdades divinamente reveladas e transformar-se numa religião falsa.

A Igreja Católica será perseguida

      Como Católicos, professamos a nossa Fé em que a Santa Igreja Católica se manterá fiel até ao fim do mundo, altura em que Cristo virá de novo para julgar os vivos e os mortos.

     Todavia, a Igreja será forçada à clandestinidade por perseguições violentas: na Mensagem de Fátima profetiza-se uma perseguição sangrenta da Igreja. Quando isso acontecer, a Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica será obrigada a refugiar-se de novo nas catacumbas, como sucedeu com a Igreja dos primeiros cristãos, ao tempo das perseguições das autoridades romanas.

A Igreja falsificada

      Nessa época de falsidades há-de parecer que a Igreja apostatou, quando uma igreja falsificada — denominada católica, mas que, na verdade, é uma falsa seita ecuménica de inspiração maçónica — dará a impressão de tomar o lugar da “antiga” Igreja.

     Será este o aspecto mais horrível da Grande Tribulação: a aparente destruição do Catolicismo tradicional e sua ‘substituição’ pela nova “Igreja Católica” ecuménica, monstruosidade pan-religiosa e pan-cristã.

     É esta a ‘Grande Apostasia’ — profetizada nas Sagradas Escrituras e no Terceiro Segredo de Fátima — que, neste momento, começa já a tomar forma e a desenvolver-se: a “Casa de Deus” está a ser profanada, violada e desconsagrada, tanto pela heresia ‘cristã’ como pela idolatria pagã. A profanação da Igreja de Deus é a grande abominação profetizada nas Sagradas Escrituras.

Tremendo é este lugar

     É com estas palavras que a Liturgia comemora a consagração de uma igreja: “terribilis est locus iste” (tremendo é este lugar). O Templo do Senhor, o Seu Santuário, é um lugar tremendo — que, no verdadeiro sentido da palavra, inspira temor, porque ali somos levados a compreender e a sentir o temor de Deus.

     A 9 de Novembro é a Festa da dedicação da Basílica de S. João de Latrão, a igreja do Salvador, que foi durante séculos a Sé Catedral do Romano Pontífice, Bispo de Roma e Papa da Igreja Universal. A 18 de Novembro é a Festa da dedicação da Basílica de S. Pedro, no Vaticano. E assim, comemorando a dedicação destas duas antigas igrejas, a Liturgia da Igreja invoca as palavras «terribilis est locus iste» ‘tremendo é este lugar’; porque a Igreja é “a Casa de Deus e a Porta do Céu”, tal como a Sagrada Liturgia nos ensina ao reflectir sobre a natureza celestial e a santificação desse Lugar Sagrado: “a Casa de Deus e a Porta do Céu”.

     Portanto, este é um lugar sagrado, diferente dos outros; assim, quando uma igreja é dedicada, fica consagrada a Deus e separada de tudo o que é mundano, de tudo o que é profano, de tudo o que é pagão, de tudo o que é falso, herético ou apóstata. Nos tempos antigos, durante a Cristianização do Império Romano, os templos que tinham sido construídos para os falsos deuses, em vez de serem destruídos, eram remodelados para serem locais apropriados para a presença de Deus. Eram santificados: em primeiro lugar, sendo exorcisados dos seus demónios e dedicados ao serviço de Deus; e, em seguida, sendo santificados pela própria presença de Nosso Senhor Jesus Cristo, Aquele que é o Deus incarnado que desce a nós no Santíssimo Sacramento, e que confere, a esse Lugar sagrado, o maior grau de santificação e de glorificação de Deus.

     A glorificação de Deus é um dos temas mais predominantes do Antigo Testamento, porque a glória de Deus é manifestar a Sua Glória e santificar o Seu Nome na Terra, para que a Humanidade participe na Sua santidade e na Sua vida divina. Assim, Deus manifesta a Sua glória e santifica tudo o que é separado das restantes coisas, a fim de ser sagrado e dedicado ao serviço de Deus para santificação dos homens.

Todos os demónios devem ser expulsos

      Quando Deus toma posse do Seu Templo sagrado, todos os falsos deuses devem ser expulsos. Foi por isso que, quando os espanhóis chegaram ao México, destruíram os ídolos e puseram em seu lugar a imagem da Santíssima Virgem e do Menino Jesus. Cortez e os seus homens derrubaram e destruiram todos os ídolos diante de uma multidão de pagãos e idólatras enraivecidos sem que estes — ao que parece por intervenção divina — lhes fizessem mal.

     O poder de Deus manifestou-se através dos Seus instrumentos humanos ao longo de toda a História da Igreja Católica e da Cristianização das nações. Foi esta a ordem que Jesus Cristo deu aos Seus Apóstolos, quando estava para subir ao Céu, dizendo: «Ide e fazei discípulos de todas as nações, baptizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo, ensinando-lhes todas as coisas que Eu vos ensinei. Quem acreditar e for baptizado, será salvo; e quem não acreditar será condenado. E eis que estarei convosco para sempre, até ao fim do mundo.» (Mt. 28:19-20; Mc. 16:15-16).

A Igreja Católica é indefectível

      Com esta promessa, Jesus tornou claro que a Sua Igreja é indefectível; que a Sua Igreja se manterá fiel até ao fim do mundo. Deus não permitirá, não consentirá que a Sua Igreja seja totalmente subvertida e conquistada pelo demónio, e transformada na igreja do Anticristo, de Satanás, do demónio e dos seus anjos, os falsos deuses dos pagãos.

     Por isso sabemos que o grande castigo, sobre o qual Nossa Senhora de Fátima nos avisou, está próximo. Lemos nas Escrituras, nos Salmos, que Deus não permitirá que o ceptro se conserve na mão dos perversos, para que os justos não tenham que estender as mãos para ele. Deus não permitirá que os Seus eleitos caiam na infidelidade e se tornem infiéis.

     Nosso Senhor disse que o Seu Pai Celestial lhe entregara as almas na Sua mão, e que da Sua mão ninguém as conseguirá arrebatar (Jo. 10:28-29). Assim, Jesus promete que os eleitos se conservarão fiéis, independentemente de como seja a aparência do resto do mundo cristão.

A deserção de nações inteiras

      A deserção de nações inteiras é uma profecia do Segredo de Fátima. O Terceiro Segredo, ou seja, a terceira parte do Segredo que Nossa Senhora revelou em 13 de Julho de 1917 continua oculto, porque aqueles que o têm à sua guarda são exactamente os mesmos a quem as palavras de Nossa Senhora de Fátima vêm acusar.

     Sabemos que assim é: foi uma fraude a parte do Segredo que foi revelada em 26 de Junho de 2000 e intencionalmente apresentada como se fosse o Terceiro Segredo completo, porque o texto então revelado não contém as palavras de Nossa Senhora. E, como é bem sabido, o Terceiro Segredo deveria começar com as palavras de Nossa Senhora «Em Portugal se conservará sempre o dogma da fé», seguindo-se o texto do Segredo no lugar do indecifrável “etc.”.

     Essas é que são as palavras do Segredo que Nossa Senhora confiou aos pastorinhos de Fátima «as palavras que Nossa Senhora confiou como segredo» às quais se refere um comunicado à imprensa emanado do Vaticano em Fevereiro de 1960, quando foi anunciado que o Segredo talvez nunca fosse revelado, nunca fosse publicado.

     Isto, evidentemente, é o que eles pretendem: que nunca seja publicado. Porque as palavras que Nossa Senhora confiou aos três pastorinhos, Lúcia, Francisco e Jacinta, são uma acusação da infidelidade desses homens. O Cardeal Ciappi, que era Teólogo Pontifício e que, portanto, estava a par do texto do Terceiro Segredo, embora estivesse obrigado a não o revelar, não podia dizer mais do que isto: no Terceiro Segredo de Fátima «é predito, entre outras coisas, que a grande apostasia na Igreja começará pelo cimo».

Um grande dia para os hereges

      E que vemos hoje acontecer perante os nossos olhos? Vemos, por exemplo, hereges que andam a dizer livremente não só que a Santíssima Virgem não permaneceu virgem depois do nascimento de Jesus, mas até que o Seu Divino Filho Jesus Cristo, Nosso Senhor, viveu no estado de matrimónio ou algo semelhante ao matrimónio: algo que, não sendo bem um matrimónio legítimo, era como se Ele tivesse vivido no estado de matrimónio secreto.

Está claro que isto é completamente absurdo e tanto que nem precisa sequer de ser refutado aqui, porque qualquer pessoa com um conhecimento sólido das Escrituras sabe muito bem que uma tal proposição não só é falsa como absolutamente ridícula.

     Mas o que me parece interessante foi a reacção da Conferência Episcopal Americana. Isso é que nos deveria alarmar a todos, porque é um sinal de que aqueles Bispos perderam a Fé. Qual foi, então, a sua reacção? Foi totalmente evasiva, como se vê pela transcrição que faço do que eles disseram e com uma grande clareza: «Parece não haver provas nas Escrituras, nem a favor, nem contra». E ficaram por ali.

     Afirmar a verdade divinamente revelada? Nem pensar! Na melhor das hipóteses, os Bispos americanos são cobardes; ou, o que é mais provável, são infiéis. E como se esta má notícia ainda não fosse suficiente, recorde-se que ainda não estamos a falar do mais alto nível da Igreja quando nos referimos, afinal de contas, aos Bispos americanos. O mais alto nível é o Papa, em Roma, e os membros da Cúria Romana que foram delegados para participar no exercício da autoridade suprema do Papa.

A apostasia dos réprobos vai começar no Vaticano

      Diz-nos o Segredo de Fátima, diz-nos Nossa Senhora, revela-nos a Mãe de Deus que a grande apostasia na Igreja começará por ali mesmo, pelo Vaticano. Portanto, podemos deduzir, como já foi profetizado através dos tempos pelos santos que, eventualmente, Roma será ocupada por um Antipapa, inteiramente desprovido da Fé Católica, inteiramente herético1 ao contrário do actual ocupante da Cadeira de Pedro que no seu coração deseja preservar e salvar a Igreja, mas que, no seu intelecto, se comporta como se fosse o pior inimigo da Igreja, promovendo exactamente aquilo que A levará à Sua destruição.

     O ecumenismo e a liberdade religiosa foram proclamados pelo Concílio Vaticano II como se fossem católicos, como se pertencessem de direito à Santa Igreja Católica, quando foram precisamente estes os erros que foram solenemente condenados pela Igreja, pelos Papas dos tempos passados. Todavia, estes erros foram proclamados de forma não solene e não definitiva; logo, mesmo que o Papa (que nessa altura era Paulo VI) e os Bispos do mundo tentassem proclamar estes erros em nome da Fé Católica, não falariam infalivelmente em nome de Cristo.

     Estavam, sim, a abusar do seu poder de Magistério — o que, por outro lado, não anula o facto de que foi Nosso Senhor Jesus Cristo quem instituiu o Magistério docente da Igreja, exclusivamente para ensinar a Verdade. Por isso, ninguém pode dizer que um erro ensinado por um Bispo, um Concílio ou mesmo um Papa, no exercício do seu Magistério, ou seja, do seu poder de ensinar, pertence de alguma maneira ao Magistério da Igreja. É como se uma pessoa, ao ler a Sagrada Escritura, encontrasse um texto na Bíblia ao qual atribuisse um certo significado e que, como tal, o aceitasse na sua fé.

     Mas acontece que a substância da Fé é a verdade revelada. Ora, se uma pessoa erra na sua compreensão da verdade revelada, seja ela da Sagrada Escritura ou da Santa Tradição, se tem dela uma compreensão errada, uma doutrina errada, isso não deve ser aceite pela virtude da Fé, porque é pela virtude teologal da Fé que estamos unidos a Deus, que é a Verdade primordial. A própria substância da Fé é a verdade divina. Por isso, é impossível crer num erro através da Fé: o que falha é a mente humana, o intelecto humano; professar um erro não é um acto de Fé.

     Da mesma maneira, quando um Papa ou um Bispo exerce o seu poder de Magistério, se ensinar um erro, está a falhar na sua acção de exercício do poder do Magistério. Deste modo, aquilo que ensina não se integra no Magistério da Igreja; o seu ensinamento é fruto do seu próprio erro.

Os graves erros do presente são ensinados de cima

      É este o caso dos ensinamentos que não são infalíveis e que, infelizmente e muito para lamentar, vêm até do próprio Papa reinante, João Paulo II. Tenho dois exemplos presentes na memória. — Quando o Papa, em 11 de Janeiro de 1989, deu uma instrução catequética explicando o artigo do Credo dos Apóstolos referente a Nosso Senhor Jesus Cristo, «Desceu aos Infernos», fê-lo exactamente segundo o ensinamento condenado pelo Papa S. Pio V no Catecismo do Concílio de Trento. Explica o Catecismo que o artigo da Fé «Desceu aos Infernos» não significa que Nosso Senhor foi sepultado, como João Paulo II erradamente disse, porque o Credo já afirma que Ele foi crucificado, morreu e foi sepultado; e os Apóstolos não iam repetir o que já tinham dito. O que este artigo quer dizer é que Nosso Senhor Jesus Cristo morreu na cruz, e enquanto o Seu corpo foi colocado no sepulcro, a Sua Alma desceu ao limbo dos Santos Padres, que é designado pelo termo geral “Infernos” — não o inferno dos condenados, mas o mundo inferior, separado do Céu. Porque, até Nosso Senhor Jesus Cristo ter aberto as portas do Céu, nenhuma das almas dos finados podia entrar no Céu, tendo portanto que esperar neste limbo que, no Credo, é chamado Infernos.

     O Catecismo do Concílio de Trento explica que, enquanto o corpo de Cristo Nosso Senhor estava no sepulcro, a Sua Alma estava nos Infernos. Em 11 de Janeiro de 1989, o Papa João Paulo II ensinou a heresia de que, quando Nosso Senhor morreu na cruz, a Sua Alma foi para o Céu, directamente para o Céu. Isto é uma heresia; ninguém pode professá-la, sabendo que é contrária à Fé católica, e continuar a ser membro da Igreja.

     A única maneira de uma tal pessoa continuar a ser membro da Igreja é ser tão completamente ignorante da sua Fé Católica que não sabe que está a ensinar uma heresia. É a Deus que compete julgar este facto. Mas nós podemos julgar até um certo ponto, ou seja: que o Papa não conhece a Doutrina Católica.

     Ao afirmar tal coisa, estava a professar a heresia de Pedro Abelardo, segundo a qual as almas no limbo foram tocadas pelo poder da graça de Cristo. Portanto, Cristo desceu, não na Sua Alma, mas no Seu poder, pelo poder da Sua graça. Esta é a heresia condenada, o ensinamento anatematizado de Pedro Abelardo.

     Em suma: a proposição apresentada em 11 de Janeiro de 1989 por João Paulo II, a saber, que as palavras «Desceu aos Infernos» significam que a descida de Jesus Cristo aos Infernos é o mesmo que dizer que Ele foi sepultado na terra, é declarada pelo Catecismo do Papa S. Pio V não apenas como um erro mas também como um ensinamento perverso. É isto o que nos ensina o Catecismo promulgado pelo grande Papa S. Pio V; e é este Papa Quem declara claramente e com autoridade que a proposição que João Paulo II apresentou não é apenas falsa e errónea; é também um ensinamento perverso.

Os pecados mais graves são
contra o Primeiro Mandamento de Deus

      O encontro de oração que teve lugar em Assis merecia um castigo divino; mas Deus, na Sua misericórdia, é paciente ainda. No entanto, Ele manifestou a Sua cólera na forma de um terramoto destruidor, pouco depois de o Papa se unir aos pagãos para rezarem juntos: ele ao Seu Deus e eles aos seus deuses.

     O Primeiro Mandamento diz: «Não terás deuses estranhos perante Mim.». Contudo, o Papa convidou os pagãos a virem rezar aos seus ídolos e, em Assis, o ídolo de Buda foi colocado sobre o sacrário, no altar consagrado. A igreja foi assim profanada por este acto de culto pagão, feito no local que tinha sido dedicado e consagrado a Deus para o serviço sagrado, o serviço divino do Sacrifício perpétuo da Santa Missa — único acto de culto apropriado — no qual a divina Vítima é oferecida a Deus.

     O Papa convidou todos os praticantes de falsas religiões a entrarem no sagrado recinto católico para, no Lugar Santo, praticarem todos os disparates e abominações dos mistérios de Babilónia.

     Também, em 1987, o Papa declarou, a uma assembleia judaica em Mainz, Alemanha, que o Velho Testamento não tinha sido revogado: «Nunca foi revogado por Deus», para usar as suas palavras. Mais uma vez, o Papa disse uma heresia. É ensinamento definido da Igreja Católica, solenemente professado no Concílio de Florença, que a Velha Aliança acabou com a vinda de Jesus Cristo, altura em que se iniciou o Novo Testamento.

     Afinal, este é o ensinamento dos Apóstolos, de S. Paulo que, sob inspiração divina, diz claramente na Escritura que professamos, como sendo a verdade divinamente revelada, que a Velha Aliança chegou ao fim. João Paulo II diz que não, que «nunca foi revogada por Deus».

     Não se trata apenas de heresia pessoal de João Paulo II; é também vigorosa mas cuidadosamente promovida pelo Vaticano, pelo que nos podemos chamar com verdade a ‘Roma apóstata’.

     Nossa Senhora de La Salette disse: «Roma perderá a Fé e tornar-se-á a sede do Anticristo». Nações católicas, que estiveram sujeitas à lei de Deus e nas quais a Igreja Católica era a legalmente estabelecida, foram secularizadas devido às pressões diplomáticas do Vaticano. João Paulo II proclama a separação da Igreja e do Estado, e o Vaticano promove vigorosamente este erro abominável2.

     Pelo contrário, o Papa S. Pio X condenara a Doutrina da Separação da Igreja e do Estado sublinhando que o erro desta separação fora repetidamente condenado pelos Papas em várias ocasiões3.

A profanação de Fátima

      Em nome da liberdade religiosa, o Concílio Vaticano II ensina que todos têm o direito de professar aberta e publicamente a sua religião, segundo a sua consciência, seja qual for essa religião; é de acordo com estes ensinamentos condenados e abomináveis que a liberdade de consciência, a liberdade religiosa e o ecumenismo ousam até profanar o local onde Nossa Senhora apareceu, em Fátima, e que a Mãe de Deus santificou com a Sua presença. Vão profanar aquele local santo com o paganismo. O Vaticano tenciona permitir que aquele local se transforme num ‘santuário’ diabólico do paganismo.

     Querem agora fazer dele um ‘santuário’ (pelo menos assim lhe chamam, o que é uma contradição flagrante) para todas as religiões, onde todas as religiões se possam unir — quando é disto, precisamente, que Nossa Senhora quer salvar o mundo: afinal, salvá-lo da grande apostasia predita no Terceiro Segredo de Fátima. E agora é o Vaticano que permite a transformação daquele local sagrado num santuário da apostasia.

O exemplo de S. Columbano

      Tal programa é diametralmente oposto ao Evangelho de Jesus Cristo. Os santos foram enviados a cristianizar o mundo, e condenaram a idolatria dos pagãos. O Império Romano não foi cristianizado pelo diálogo, mas pela pregação destemida do Evangelho de Jesus Cristo e pela denúncia corajosa da abominação do paganismo. E mais tarde, quando o Império Romano se desfez e foi invadido por bárbaros pagãos, foram novamente os santos que compreenderam a natureza da sua vocação sacerdotal, e saíram dos mosteiros para recristianizar uma Europa descristianizada.

     S. Columbano deixou a Irlanda e viajou pela Europa fora, fundando mosteiros, e os seus discípulos fundaram mais mosteiros. E estes vieram a ser os grandes centros católicos da Europa. Se os monges não andassem pela Europa a anunciar as Escrituras, depois da queda do Império Romano, o Cristianismo teria perecido com o Império.

     Mas, pela Providência Divina, enquanto os bárbaros tudo destruíam por todo o antigo Império, todos os tesouros da cultura latina, da literatura latina e das ciências sagradas se iam concentrando na Irlanda.

     Os monges do Egipto, e muitos das terras distantes do Próximo Oriente, fugiram e refugiaram-se na Irlanda. E partiram dali para recristianizar a Europa, que estava já devastada pelos bárbaros pagãos. Não dialogaram com os adoradores de Thor e de outros falsos deuses; pregaram vigorosamente o Evangelho e afastaram o povo dos erros da sua idolatria.

     Os bispos da Igreja Romana deixaram-se ficar no conforto dos seus palácios, com alguns dos funcionários do antigo Império que restaram, a nobreza de um Império que já não existia no Ocidente. Não se aventuraram a pregar aos pagãos, aos bárbaros; ficaram satisfeitos em se deixarem estar em casa e viverem no seu conforto.

     Os monges compreenderam que era seu dever, como Sacerdotes de Jesus Cristo, baptizar as nações, salvá-las da idolatria. S. Columbano fundou mosteiros; ele e os seus monges pregaram no que é hoje a França, a Alemanha e a Áustria, e chegaram mesmo a Kiev. E que recompensa lhe foi dada? Foi intimado, em 603, a apresentar-se a um sínodo de bispos, porque estes, que se chamavam a si próprios ‘os pastores legítimos’, não o tinham autorizado a fazer tal coisa.

     É como se ele não tivesse sido incardinado numa das suas dioceses, como se não fosse autorizado pelos bispos locais; e por isso consideraram-no ilegítimo e irregular. Mas S. Columbano compreendera que o Sacerdócio é uma vocação divina. O Sacerdote não se limita a servir às ordens do Bispo — foi enviado por Jesus Cristo.

     O Sacerdote não pode deixar-se ficar calado quando o Bispo lhe diga: «-Não quero que volte a pregar». «-Porque não?» «-Porque não simpatizo consigo».

Devemos resistir ao erro, venha ele de onde vier

      Se o Sacerdote estiver a ensinar alguma heresia, então o Bispo tem autoridade para o mandar parar. Mas se o Bispo e a alta Hierarquia de Roma estão a promover a heresia, e o erro, e abominações, então o Sacerdote tem o dever acrescido de combater o erro. Como disse S. Belarmino, se o Papa atacar a Fé, lhe deve ser resistido; e o instrumento dado por Deus para resistir ao erro é a pregação do Santo Evangelho.

     Não importa se o Papa está a tentar destruir maliciosamente a Fé, ou se o está a fazer sem querer, por ignorância. A Igreja ensina que lhe deve ser resistido se Ele estiver a pôr a Fé em perigo.

     O perigo para a Fé no tempo de S. Columbano era o fracasso total, por parte da grande maioria da hierarquia, em obedecer ao mandamento divino: «Ide e fazei discípulos de todas as nações, baptizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo» (Mt. 28:19). Parece que quase todos os Bispos pensavam que esta ordem não se aplicava a eles.

     Ora o facto é que eram eles os sucessores dos Apóstolos, e tinham mesmo esse dever; mas não o cumpriam. Foram os monges célticos que levaram essa ordem a sério, sob a direcção de santos como Columbano, e iam ser castigados por cumprirem o seu dever perante Deus, por obedecerem à ordem divina.

     E assim, S. Columbano não compareceu à intimação de se apresentar às ordens dos Bispos da Igreja Católica, para responder às acusações feitas contra ele. Respondeu com uma carta, como nos relata Thomas Cahill:

      «Columbano, que não estava para tomar parte numa tal farsa, enviou antes uma carta — uma carta elaborada de modo a fazer os Bispos treparem pelas suas belas paredes acima:

“Aos santos senhores e padres — ou antes, irmãos — em Cristo, Bispos, Sacerdotes e outras ordens da Santa Igreja, eu, Columbano, um pecador, envio saudações em Cristo.

“Dou graças ao meu Deus porque, por minha causa, tantos homens santos se juntaram para tratar da verdade da fé e das boas obras, e, como convém em tais ocasiões, para julgar sobre as matérias em discussão com um justo julgamento, usando os sentidos apurados para discernir o bem e o mal. Quem dera que o fizésseis mais vezes”»!4

E é claro que ignorou a intimação e continuou o labor divino da evangelização dos pagãos.

Os erros actuais de dignitários da Igreja

      A Igreja Conciliar substituiu o proselitismo pelo diálogo ecuménico — rejeitando a ordem divina de «fazer discípulos de todas as nações» (Mt. 28:19).

     A heresia da Igreja Conciliar é considerar boas, e portanto verdadeiras, todas as religiões, embora imperfeitas e professando erros. A Fé Católica admite que só há uma Igreja verdadeira, uma Fé verdadeira, e uma Religião verdadeira. Todas as outras religiões são falsas. Fora da Igreja só há hereges, infiéis e pagãos. A apostasia na Igreja, profetizada por Nossa Senhora de Fátima, está perante nós sob a forma da detestável mistura ecuménica da santa religião de Cristo com a abominação do paganismo. A apostasia é precisamente isto: a tentativa de unir todas as religiões numa grande igreja paganizada. Isto é o que a Sagrada Escritura chama a abominação, o mistério de Babilónia.

     Uma tal iniquidade está a ser promovida pelo Vaticano e por muitos dos Bispos: vão transformar o Santuário de Nossa Senhora de Fátima num santuário pagão. Aquela Que é mais terrível do que um exército alinhado para a batalha, Cujo Imaculado Coração triunfará, há-de triunfar sobre a iniquidade paganizada que a Roma apóstata quer erguer. É precisamente no lugar em que Ela revelou o mistério da iniquidade no nosso tempo que eles tencionam promover as abominações da iniquidade pagã.

     Querem transformar aquele lugar santo num santuário do demónio, dos falsos deuses que, como diz a Escritura, são demónios; num lugar onde todos os falsos deuses serão adorados juntamente com Nosso Senhor Jesus Cristo. «Não terás deuses estranhos perante mim». Como Católicos, não podemos deixar de nos erguer para denunciar isto como uma abominação herética, um acto de apostasia. A verdadeira religião não pode ser praticada juntamente com as falsas religiões.

Devemos resistir activamente à apostasia

      Quem promover uma tal abominação, ou participar nela, perdeu todo o direito moral de exercer qualquer autoridade sobre os que ainda mantêm a Fé Católica, os que não querem juntar-se a eles na apostasia. E nós todos que o compreendemos, quer sejamos Padres quer leigos, temos o dever de resistir. Resistir aos pastores, resistir aos Bispos, e até resistir ao próprio Papa, caso o Papa também a promova — e isto porque Deus nos ordena que mantenhamos a Fé Católica “íntegra e inviolada”, porque o Credo nos diz que, se não conservarmos a nossa Fé integralmente e sem contaminações, pereceremos para toda a eternidade.

     Isto diz respeito especialmente àqueles que são ministros do Santo Evangelho, cujo dever é denunciar a abominação, condená-la incondicional e claramente. Porque, como sabemos pela Mensagem de Fátima, a apostasia começará de cima, a partir do Vaticano. E eventualmente de um Antipapa que proclamará abertamente o mistério paganizado de Babilónia como a falsificação da Igreja Católica — que será católica de nome, mas pagã na sua própria essência.

Aproxima-se uma perseguição sangrenta

      Verificamos que já se está a dar uma transformação. E quando ela assentar, tomar forma, então dar-se-á a perseguição sangrenta, a exterminação em massa dos Católicos. E as palavras de Nossa Senhora serão cumpridas: «os bons serão martirizados, o Santo Padre (o Papa autêntico) terá muito que sofrer». Mas Nossa Senhora de Fátima diz: «Por fim, o Meu Imaculado Coração triunfará. O Santo Padre consagrar-me-á a Rússia».

     Devido a esse acto de Consagração, a Rússia transformar-se-á de instrumento de perseguição em instrumento de defesa e salvação da Igreja e da Fé Católicas, face à iniquidade pagã que tem minado a Igreja de Roma. Os Ortodoxos russos, mesmo hoje, recusam terminantemente qualquer diálogo com a Igreja Romana, porque vêem que a Igreja Romana está a ser paganizada.

     Nem sequer admitem uma pequena alteração das palavras das orações da sua liturgia. Isso seria anátema para eles. Quando vêem a protestantização e a paganização da Igreja Romana, tremem.

     Quando o Papa consagrar a Rússia ao Imaculado Coração de Maria, quando a Rússia se converter ao Catolicismo, será verdadeiramente a Santa Rússia, uma Rússia Católica, um inimigo tradicional, inflexível e implacável dos erros do Vaticano II, que nos salvará da iniquidade do paganismo que ameaça sufocar aquilo a que já se chamou a Cristandade.

Notas

1. S. Francisco de Assis: «haverá um papa eleito de forma não canónica que causará um grande cisma, haverá pregação de várias ideias que levarão muitos, mesmo os que pertencem às ordens [religiosas], a duvidar, ou mesmo a concordar com esses hereges, o que levará a minha Ordem a dividir-se; haverá tais dissensões e perseguições generalizadas que, se esses dias não fossem encurtados, até os eleitos se perderiam» (Rev. Gerald Culleton, em The Reign of Anti-Christ, p. 130).

2. Cf. Abbé Daniel le Roux, Peter, lovest thou me, Victoria (Austrália), 1989, pp. 20-30.

3. Ibid., p. 28: «...os Pontífices Romanos têm constantemente refutado e condenado a doutrina da separação da Igreja e do Estado...». S. Pio X, em Vehementer, 11 de Fev. de 1906.

4. Thomas Cahill, How the Irish saved civilization, Nova York, 1995, pp. 188-189.

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Peça o seu impresso da petição para “parar a abominação do Desolação” em Fátima.

Telefone para 1-716-853-1822

Cruzada Internacional Do Rosario De Fatima
Apartado 4100
36200 Vigo, España

A série de artigos do Padre Paul Kramer sobre "O Grande Castigo Iminente Revelado no Terceiro Segredo" continua no próximo número.

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