Uma das notas características do novo espírito é a da tolerância erigida em máxima virtude, e o correlato horror por qualquer espécie de luta ou combate. Gustavo Corção
Lutar. Combater. Clamar. Guerrear. Mas lutar sabendo que lutamos não somente contra a carne e o mundo, mas contra o principado das trevas. É preciso gritar por cima dos telhados que, se o cristianismo se diluir, se a Igreja tiver ainda menos visível o ouro de sua santa visibilidade, se seu brilho se empanar pela estupidez de seus levitas, o mundo se tornará por um milénio espantosamente, inacreditavelmente, inimaginavelmente estúpido e cruel.
Roguemos pois a Deus. com todas as forças: desfaçamo-nos em lágrimas de rogo e gritemos a súplica que nos estala o coração: enviai-nos Senhor, ainda este século, um reforço de grandes santos, de grandes soldá^ dos que queiram dar a vida. no sangue ou na mortificação de cada dia. pela honra e glória de Nosso Senhor Jesus Cristo. Compadecei-vos, Senhor, de nossa extrema miséria, e sacudi os homens para que eles saibam quem é o Senhor!
É preciso lutar; e sobretudo não desanimar quando nos disserem que o inimigo cerca a Cidade de Deus com cavalos e carros de combate. Ouçamos Eliseu: "Não tenhais medo porque os que estão conosco são muito mais fortes do que os que estão contra nós". E elevando a voz Eliseu clamou: "Senhor, abri-lhes os olhos para que eles vejam. E abrindo-lhes os olhos o Senhor eles viram, em torno de Eliseu, a montanha coberta com cavalos de guerra e carros de fogo." (II Reis, VI, 16-17)
E para bem encerrar estas páginas tão sofridas, ouçamos depois do Profeta a voz do grande santo Papa que pusemos no frontispício desta obra. Ouçamos a voz de São Pio X, que desde o princípio deste século de desesperança clamou para despertar as indiferenças, quebrar os orgulhos e pelo santo temor preparar o caminho da Salvação:
"Qual seja o desenlace desse combate contra DEUS empreendido por fracos mortais, nenhum espírito sensato poderá duvidar. É certamente fácil, para o homem que quer abusar da liberdade, violar os direitos e a autoridade suprema do Criador; mas ao Criador caberá sempre a vitória. Digamos mais; a derrota se aproxima do homem justamente quando mais audaciosamente se ergue certo do triunfo. E é disto que Deus mesmo nos adverte: 'Ele fecha os olhos para os pecados dos homens' (1)como que esquecido de seu poder e de sua majestade, mas logo depois desse aparente recuo, 'despertando como um homem cuja força a embriaguez aumentara' (2), ele esmagará a cabeça de seus inimigos (3), a fim de que todos saibam "que o Rei da terra inteira, é Deus' (4) e que 'os povos compreendam que não são senão homens'.
(5)"
Gustavo Corção
(1) Sab. 11,24
(2) Sl. 78,65
(3) Sl. 67,22
(4) Sl. 46,8
(5) Sl. 9,21
(6) Enc. E Supremi Apostolatus
Fonte: Jornal Sim Sim Não Não, Ano XV nº 161, Julho-Agosto,2008 (Suplemento em lembrança dos 30 anos de falecimento de Gustavo Corção)
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