"Há muitas seitas e convicções como há cabeças; este aqui não admite o batismo; aquele rejeita o sacramento do altar; outros acreditam num mundo entre o presente e o dia do julgamento; alguns ensinam que Jesus Cristo não é Deus. Não há ninguém, por mais engraçado que possa ser, que não diz ser inspirado pelo Espírito Santo, e que não aumenta em profecias seus sonhos e devaneios". (Martinho Lutero - "An Meine Kritiker")
O pensamento acima, é a observação de Martinho Lutero, ao efeito de suas próprias doutrinas “reformadas.” Mas também, reproduzem os efeitos claríssimos, que se sucederam ao Concílio Vaticano II. Posteriormente ao comentário inicial, vocês poderão ler, outras frases de Martinho lutero, sobre as conseqüências práticas da Reforma Protestante, que se observam na realidade pós-conciliar.
Em razão de haver um princípio mestre comum, entre a reforma e o Concílio, consideramos que o segundo é, a evolução do primeiro. Porque se a reforma restringe a Sola Scriptura, a Bíblia, o Concílio Vaticano II, lhe adota, mas abrange também as escrituras dos Pais da Igreja. Os quais são utilizados para fundamentar todas as novidades conciliares, embora não sejam auto-evidentes nos textos conciliares, uma vez que necessitam ser, interpretados a luz desta mesma tradição.
Martinho Lutero, ao rejeitar o Magistério da Igreja e estabelecer a Sola Scriptura, promoveu a ruptura entre o espírito e a letra. Aplicando a “navalha de Ockham” na Igreja, encerrou todo Cristianismo na Bíblia, como se a letra das Sagradas Escrituras, fossem o produto final de Deus, para a humanidade. Dando a entender que toda doutrina cristã, poderia ser apreendida através de uma simples leitura bíblica, sem a necessidade de se possuir o dom do Espírito Santo. Porém, uma vez rejeitado o Magistério Apostólico da Igreja, entraria em cena, o “Magistério” do povo (do qual Lutero, é o primeiro representante). E é justamente este “Magistério” que o Concílio Vaticano II, tentou e tenta, implantar na Igreja.
Em todos os Concílios Ecumênicos anteriores, não era proposto aos fiéis, a aceitação de seus textos, como produto final, existia a hermenêutica do Magistério. Aceitar o Magistério de Nicéia, Constantinopla, Trento, Florença, etc era simultaneamente aceitar os próprios Concílios Ecumênicos. Dando nos a entender que o produto final de um Magistério Conciliar, não é a sua letra, mas o ensinamento oral dos Padres reunidos em Concílio na conformidade com a tradição da Igreja. A letra dos Concílios precedentes, é antes o registro escrito do ensinamento oral dos Padres Conciliares, do que todo o ensinamento dos Padres Conciliares. Nenhum Concílio Ecumênico, como nenhum Padre participante, ensinou o “Solo Concilium Scripturae” (Somente as escrituras conciliares). Óbviamente, quando, oferta-se a Igreja, os textos Conciliares, como produto final de um Magistério Conciliar, encerra-se na letra todo ensinamento deste Concílio, como também toda autoridade Magisterial. E o que restará será apenas um Concílio, sem a hermenêutica do Magistério, que através do pedido de uma hermenêutica da continuidade, exime-se primeiramente de sua função e em segundo lugar, promove a mesma hermenêutica da Reforma Protestante (a própria hermenêutica da ruptura), através da evolução da doutrina “Sola Scriptura.”
Reconhecemos no Concílio Vaticano II, algo ímpar na história dos Concílios Ecumênicos, pois ele é o primeiro que não traz a tradição em alto relevo. Pio XII, na Humani Generis, ensina que “é evidentemente falso, o método que pretende explicar o claro pelo obscuro.” Isto nos provam os protestantes, uma vez que através da leitura bíblica, nunca chegaram a unidade da fé, como nunca chegaram a formação de um só Corpo. Se o método protestante produziu este desastre, por que adota-se o mesmo método? Não era a tradição que deveria estar evidente no Concílio? O que deveríamos interpretar a luz da tradição, não é o nosso tempo? Não deveria um Concílio Ecumênico, nos fornecer os meios para fazer esta interpretação?
Segundo o ensinamento de Pio XII (na mesma Humani Generis), a interpretação de um Concílio Ecumênico, não foi confiada aos leigos e nem aos teólogos, mas ao magistério da Igreja. Ora, se o Magistério do Vaticano II, pede nos a hermenêutica da continuidade, através de uma interpretação a luz da tradição, confirma-se ipso facto, a palavra de Dom Lefebvre, quando diz que “A tradição foi excomungada pela Igreja Conciliar.” E isto se dá duplamente, porque conforme a tradição, se fazemos nós a hermenêutica da continuidade e não o Magistério, eximimos o Magistério de sua função estabelecida por Nosso Senhor Jesus Cristo, e consumamos a Revolução na própria Igreja. Em segundo lugar, se é preciso interpretá-lo a luz da tradição, reconhece-se esta excomunhão, pois a tradição não está nele. Dito isto, repito com Pio XII que, não compete a nós leigos, interpretarmos o Concílio (muito menos a luz da tradição que deveria brilhar nele). Mas ao Magistério da Igreja ofertar nos esta interpretação, para que possamos obedecê-la, como foi feito nos Concílios Ecumênicos precedentes. Não queremos aceitar um Concílio separado do Magistério e que o dispensa de sua função, queremos aceitar o Magistério que produziu o Concilio, e que por dever e direito divino, tem o dever de interpretar e ensinar, aquilo mesmo que produziu. Não somos protestantes, não é doutrina apostólica e católica, chegar ao conhecimento da verdade, através da leitura. Não é o testemunho da Igreja Católica, o testemunho que nos deixou Lutero e que nos da a Reforma Protestante, conforme pode se ver a seguir…
"Este não quer o batismo, aquele nega os sacramentos; há quem admita outro mundo entre este e o juízo final, quem ensina que Cristo não é Deus; uns dizem isto, outros aquilo, em breve serão tantas as seitas e tantas as religiões quantas são as cabeças" (Luthers Martin In. Weimar, XVIII, 547 ; De Wett III, 6l ).
"Há muitas seitas e convicções como há cabeças; este aqui não admite o batismo; aquele rejeita o sacramento do altar; outros acreditam num mundo entre o presente e o dia do julgamento; alguns ensinam que Jesus Cristo não é Deus. Não há ninguém, por mais engraçado que possa ser, que não diz ser inspirado pelo Espírito Santo, e que não aumenta em profecias seus sonhos e devaneios". (Martinho Lutero - "An Meine Kritiker")
" Este não aceitara o batismo, aquele nega o sacramento, o outro põe um mundo de diferenças entre este o ultimo dia. Alguns ensinam que Cristo não é Deus, outros ensinam isto e aqueles outras coisas. Existem tantas sitas e credos como existem cabeças. Nenhum aldeão é tão rude como quando tem sonhos e fantasias que crêem haver sido inspirados pelo Espirito Santo e ser um profeta " (De Wette III, 61. Dito em O'Hare, Los Hechos de Lutero, 208)
" Homens , cidadão e campoeses todas as classes entendem o Evangelho melhor que eu ou São Paulo, agora são sábios e se pensam mais cultos que todos os ministros" (Walch XIV, 1360. Dicho en O’Hare, Los Hechos de Lutero, 209. )
" Concedemos - como devido- que muitos dos que eles ( a Igreja Catolica) dizem é verdade: que o Papado tem a Palavra de Deus e o oficio dos Apostolos e que temos recebido a Sagrada Escritura, o Batismo, os Sacramento e o pulpito deles. O que saberiamos destas se não fosse por eles? " Sermão do Evangelho de São João, capítulos 14-16 (1537) no Vol. 24 de LOS TRABAJOS DE LUTERO, San Luis, Missouri, Concordancia, 1961, 304.
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